China apoia Rússia na Ucrânia e Biden deve recuar

Não precisava acontecer: a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, é muito pouco relevante sob o aspecto militar, tando por seu poderio bélico quanto pela capacidade de proteger a aliança ocidental de um eventual avanço do Exército russo.

Para os russos, porém, é uma situação difícil de aceitar porque, além de serem por muito tempo um mesmo país (integravam a “Rússia de Kiev”, hoje capital ucraniana), a integração da Ucrânia poderia, em tese, permitir a instalação de armas norte-americanas a um distância de apenas 500 km de distância de Moscou.

A lógica russa é a mesma que fez os EUA não aceitarem mísseis soviéticos em Cuba, nos anos 60: a profundidade e a velocidade de um possível ataque são graves demais para serem aceitos como possibilidade e, para os russos, a defesa maior, seja contra Napoleão, seja contra a Alemanha nazista, sempre foram as distâncias a serem percorridas por quem tentasse tomar o controle de seu território.

A pressão norte-americana sobre a Rússia, porém, produziu um movimento que, se não é surpreendente, é mais forte do que previa a diplomacia ocidental, dado o pragmatismo dos chineses.

O anúncio de que Russia e China têm uma “aliança sem limites” é algo que jamais foi tão diretamente expressado e ambos os países pedem,sem meias-palavras, a renúncia da Otan em suas pretensões de se expandir no Leste europeu.

Já não havia apoio unânime na Europa à postura agressiva da diplomacia dos EUA e, agora, será menor ainda, porque além do gás russo, o fornecimento de bens e componentes chineses é essencial para o velho continente. Só mesmo Boris Johnson, precisando desviar a atenção de suas festinhas na sede do governo durante o lockdown, adota um discurso agressivo.

Biden foi além de sua capacidade de pressão e não contava que Vladimir Putin fosse resistir sem ceder e menos ainda que o presidente chinês, Xi Jinping, no primeiro encontro pessoal entre os ambos em dois anos, fosse ser tão direto no apoio ao russo.

É provável que, lentamente, os EUA recuem de sua posição sobre a sua presença militar na Ucrânia. Mas muito lentamente, mesmo, porque Biden, enfraquecido politicamente, precisa ao menos sugerir posições de força na política externa, com vista à eleição parlamentar de novembro.

Em diplomacia e na guerra, em geral é mais difícil recuar do que avançar.

 

 

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