Os hábitos dos nossos políticos já são ruins, mas quando o governo pilota o Congresso através da distribuição de emendas parlamentares ocultas, tudo fica ainda pior.
O levantamento publicado hoje por O Globo – que abrange menos do que 10% dos R$ 36 bilhões das emendas secretas nos últimos dois anos – mostra o descarado favorecimento da base governista na distribuição de recursos e, entre eles, de seus líderes e daqueles que eles escolhe como relatores do Orçamento e, por isso, passam a ser seus agentes na distribuição de recursos a parlamentares conforme seus votos.
Não quer dizer, claro, que todas s emendas seja espúrias ou inservíveis, mas que ela se tornaram a irresistível moeda de troca nas votações do Congresso.
Davi Alcolumbre e Arthur Lira, além do deputado cearense Domingos Neto (PSD), Ciro Nogueira (PP, agora ministro da Casa Civil), o ex-líder do Governo, Fernando Bezerra Coelho e o também senador Eduardo Gomes, que o sucedeu ficam, só eles, com perto de R$ 1 bilhão dos R$ 3,2 bilhões em emendas analisados.
Entre os partidos (acima com o número de deputados de cada um) a coisa é igualmente gritante. O PSD de Rogério Pacheco recebeu R$ 17,7 milhões “por cabeça” dos seus 35 deputados. O PT, com 53, apenas R$ 622 mil, ou 29 vezes menos.
“Levar recursos” para suas cidades, o que deveria ser uma exigência republicana e impessoal, transforma os congressistas, deputados e senadores, em vereadores federais, mais preocupados com o número de manilhas que terá para distribuir do que com políticas que deem ao povo um país que funcione.