O supermercado manteve a carne que chegou congelada do frigorífico e a coloca todo o dia no expositor refrigerado. O salão de beleza ligou o secador. O shopping ligou a central de ar condicionado. O prédio tem de manter as bombas d’água ligadas.
O aumento das tarifas de luz vai muito além da conta que chega às famílias, que já é pesado, cerca de 5% da despesa familiar para os que têm renda de até 40 salários mínimos e quase 10% para os de baixa renda.
Representa um plus de pelo menos 0,5% na inflação de setembro, a primeira em que se apostava para reduzir o acumulado em um ano, que deve ficar em 9,5% em agosto.
O risco inflacionário já não é risco, é certeza.
Há um ano, preocupava-nos uma inflação de 5%; hoje uma de 10% é quase certeza para quem não é hipócrita.
Mas não é o único fator inflacionário, longe disso.
A alta de preços embute a incerteza política, em alta alucinada.
Quando não se tem previsibilidade, tem-se precaução, o que é, em economia, preço preventivo, o que te dá certeza de repor o estoque mesmo que as novas compras custem mais do que as que você tem à venda.
Nossos economistas são pouco afeitos a isso, não costumam fazer contas no micro.
E não costumam ir ao supermercado.