Triste, sob todos os aspectos humanos – 41 anos, jovem, um filho ainda garoto deixado só – a morte de Bruno Covas, o prefeito de São Paulo ocorre num tempo em que, também, o velho PSDB morre também e deixa de ser o grande partido conservador brasileiro, desde que se descolou do PMDB, nos anos 80, sob o comando do avô de Bruno, Mário Covas, para pretender ser, como chegou a ser, no período Fernando Henrique Cardoso, o partido da versão brasileira do neoliberalismo, versão tardia da dupla Reagan/Tatcher, com o seu famoso “choque de capitalismo”.
Bruno era, talvez, o último e esmaecido ícone daqueles tempos, paradoxalmente ao lado do provecto FHC que, apesar disso, não soube segurar o leme e embarcou, numa vergonhosa omissão em 2018 e acabou por ficar, ali, cúmplice do bolsonarismo, como todo o partido. Apertado entre o Dória que Alckmin colocou no ninho em 2016, conseguiu sobreviver, dizia ele que anulando o voto, ao “BolsoDória” de 2018.
Fosse assim ou não, só venceu Guilherme Boulos ano passado porque a direita despejou-lhe votos, mas também porque a sua situação pessoal carreava-lhe simpatias.
O PSDB servia-lhe de uma casca, de uma memória progressista que o partido abandonou há 30 anos, quando passou a cortejar Fernando Collor de Mello, e só por causa do velho Covas não fez parte de seu governo desastroso.
É triste, porém, que ele se vá. Que, na verdade, eles se vão: o novo Covas, tão cedo partido e o velho Covas, que, naquele 1989, não se esqueceu que vinha dos trabalhadores do Porto de Santos e não hesitou e foi combater o Collor da vez.