Um ponto a mais nos votos totais (5%, com Lula a 49% dos votos totais, ante 44% de Bolsonaro) e dois pontos a maior nos votos válidos (53% 47%).
Um resultado ainda magro para nos aliviar a angústia que persistirá até a apuração dos votos e que só se explica pela obtusidade que atingiu boa parte de nossa classe média e a tornou indiferente – e até hostil – à ideia de povo.
É isto que se depreende dos números do Datafolha liberados agora há pouco e que só reforçam a ideia de que não se pode esmorecer um segundo sequer na luta por cada voto a mais para evitar surpresas que, afinal, são improváveis, mas não impossíveis numa eleição desequilibrada pelo fanatismo.
Apesar disso, parece haver alguns dados inconsistentes na pesquisa nestes segmentos.
Na faixa entre 5 e 10 salários mínimos, em apenas uma semana, Bolsonaro cresce seis pontos (de 54 para 60%) e Lula cai nove (de 41 para 32%), ampliando a diferença em 15 pontos, sem que sequer haja redução nos nulos e indecisos. Na faixa superior a 10 mínimos, movimento semelhante: a diferença sobe de 14 para 23 pontos, de novo em sete dias, com Bolsonaro passando de 55 para 60% e Lula caindo de 41 para 36%.
Difícil acreditar em movimentos tão bruscos numa eleição há tanto tempo cristalizada, sem que tenha havido fatos novos que os expliquem, a não ser que a fuzilaria de Roberto Jefferson tenha passado a ser um dado positivo de campanha bolsonarista.
Como o peso destas faixas é bem pequeno, não altera muito a tendência geral, mas tem o potencial, se Bolsonaro estiver “inflado”, de impedir um ou dois pontos de vantagem a mais para Lula que faltam para firmar uma convicção absoluta de vitória.
Tudo, porém, é especulação e de verdade, mesmo, é o fato de que cada voto importa e é preciso acelerar ainda mais a campanha de rua, transformando em visual a certeza que está dentro de nós de que a democracia vencerá o ódio e a escuridão.