Nas conversas com amigos, tenho, muitas vezes, tentado reduzir a irritação com as manifestações protofascistas que se espalham na internet em memes, posts, videos, com gente estúpida falando coisas que ofendem a mais primária inteligência humana.
Desde como vão “acabar com o comunismo” que “o PT vai implantar no Brasil” – é preciso, claro, avisar aos bancos, aos industriais e aos financistas que estão todo ano, batendo recordes de lucro, para que parem de aproveitar as vantagens que o país lhe dá – até orações em porta de quartel pedindo que se retire deles próprios o direito de votar, há de tudo, para todos os desgostos pátrios.
Ah, sim, tem também a “restauração da moralidade” com Eduardo Cunha, o homem que registrou como sua propriedade domínios de Jesus Cristo na internet, naturalmente precedidos de um shopping, talvez á moda do que pretende fazer na Câmara.
A verdade é que estas pessoas, que sempre existiram em sua imbecilidade, em geral pacatas e mansas, não são as responsáveis pelo surto de insanidade que grassa no Brasil.
Há outros, muito mais responsáveis por isso: na mídia, nas televisões, nas organizações religiosas e, infelizmente, em parte da própria esquerda, que nunca entendeu que a intolerância com os intolerantes só nos conduz adiante na louca agressividade que de tudo toma conta.
Quando se pede ação a um governo de esquerda contra esta situação não se pede, claro, que se reaja na mesma moeda, nem que ceda diante da selvageria.
Não é possível ter um diálogo em plano racional com gente que achar que o problema de 1964 tenha sido o de não matar todos os esquerdistas, como com os que acham que o problema de Hitler foi não ter exterminado todos os judeus.
O que acontece de diferente é que a rolha que prendia esta maldade nas almas em ódio, já há algum tempo se soltou, com a ajuda de muita gente boa que acha, por outros motivos, que “a rua” é sempre fonte de sabedoria.
É olhar as faixas, o ódio, a loucura e se verá que não é assim.
O que tirou o gênio mau da garrafa é o que deve ser combatido e isso, certamente, não ser fará com bravatas, mas com ações de política e de governo.
Nem mesmo com a necessária exposição das insanidades que tomaram conta destes movimentos.
E da que, provocando e sendo provocada pela loucura, a loucura da oposição que se afunda num radicalismo “impitimista”
O combate, para valer, se dá em dois outros campos: o da ação política e o da intervenção no processo econômico.
No da ação política, não apenas recobrar um mínimo de controle da base aliada, mas de diálogo com a esquerda não-petista e os setores progressistas da classe média, recurando a capacidade de, neste meio, fazer contraponto à loucura geral.
No da ação econômica, produzir sinais – e verdadeiros – de que não se está capitulando diante das “pressões de mercado”, de que, embora se esteja disposto a fazer concessões e cortes, não se darão no essencial: a defesa do patrimônio nacional, da renda do trabalho, dos programas sociais prioritários.
E, como pensamento reitor de toda estratégia política um fato que há muito já está evidente e, embora não deva ser encarado como simples questão “utilitária” na gestão de governo, precisa estar presente em todos os olhares e decisões estratégicas.
É o de que as eleições de 2018, de alguma forma, recordam as de 1950.
Para desespero dos intelectualóides que não conseguem entender que um líder não domina um povo, mas encarna suas aspirações, Lula, como foi Getúlio, é a única porta de saída da escuridão que se abateu sobre a política nacional.
É sua volta ao poder que dá materialidade à esperança e confiança no futuro.
19 respostas
Excelente texto, Fernando. Parece que essa reflexão é uma voz a mais a clamar pela sanidade mental e bom senso entre as diversas correntes brasileiras. A fúria e o conforto com que a direita se apresenta às ruas e na midia faz com que muitos dos setores generosos e tolerantes da esquerda acabem sucumbindo à tentação do enfrentamento. Mas o momento requer uma vitoria de ideias e não de partidos ou posições. As ideias é que precisam ser confrontadas. As nossas idéias causam-lhes pavor porque sabem que calam fundo na alma do povo brasieiro. Por isso, eles fogem do debate, da discussão. Transformam tudo numa luta de imaginários, de simbologismos. As ideias, as verdadeiras discussões, estão ausente do atual momento brasileiro. Talvez por isso se justifique o baixo índice de participação da academia no momento brasileiro.. Esse excelente texto deixa isso muito claro.
Quando pensamos que o festival de asneiras e selvageria chegou ao limite o imponderável, reaparece o facínora-mor, Mr. Fhc do alto de sua autoridade IMORAL propondo a renúncia da Presidente Dilma ou uma mea-culpa que ele próprio e seu “seleto” grupo político – que vai de Serra a Mendonça de Barros – jamais fizeram a despeito de terem arrombado ( não há termo mais eufêmico ) o Tesouro Nacional e dilapidado parte importante do patrimônio nacional e de nosso combalido parque industrial.
Não faltará a Nação em pronunciamento próximo o pedido deste senhor ( ? ) para que o Lula seja preso, quando não fosse a tibieza petista em quase dez anos de governo, deveria o próprio Fhc restar encarcerado ou no mínimo totalmente desmoralizado pelos excessivos crimes que ele próprio e seu impoluto ( ? ) grupo reiteradamente cometeram ao longo daqueles tristes anos.
Quanto aos manifestantes, cujo número em todo o País sequer superam os votos dados a Tiririca, sejamos condescendentes e apenas os chamemos de patéticos patetas.
Vamos para cima da Rede Globo, as organizações Globo. Não tenho dúvida que ainda a audiência da Globo que faz é o trabalhador, o povão que não tem opção a noite. Então antes que eles tentem forjar a prisão do LULA para que ele caia na ficha suja e não seja candidato a presidente em 2018, vamos boicotar a TV e todos os produtos do Marinho. Ou será que vamos deixar esses riquinhos passar a perna na gente povo pobre, trabalhadores honestos? Não. Vamos às ruas DIA 20 gritar NÃO AO GOLPE, NÃO A CORRUPÇÃO, NÃO A GLOBO!
Sua afirmação é perfeita: “Para desespero dos intelectualóides que não conseguem entender que um líder não domina um povo, mas encarna suas aspirações, Lula, como foi Getúlio, é a única porta de saída da escuridão que se abateu sobre a política nacional”.
O Lula é mais do que um líder, é um estadista, pronto a enxergar o país acima dos seus próprios interesses e disposto a conciliar todas as classes, diminuindo-lhes o abismo que separa a grande maioria daqueles super bem favorecidos. O Brasil que aspira ser uma potência sobersna ainda não pode prescindir deste estadista. Dizem, nao sei ate que ponto seria verdadeiro, que um dos filhos de Roberto Marinho reconheceu , em certa oportunidade, mais ou menos isto, o de ser o Lula um estadista. O fato de reconhecerem ou de deixarem de fazê -lo não muda o destino que a Historia reservou a este ex-torneiro mecânico. Se o planeta já o reconhece como tal, o que significam os juizos dos Rodrigos Constatinos, dos FHCs e Olavos da vida? Infelizmente a grande maioria dos intelectualoides, como você bem diz, não ssbe o que significa um estadista, que carateristicas traz e o carisma inigualavel que transmite e, portanto, são incapazes de enxergá -lo, imaginando que como tal somente poderia ser originário de uma elite miope, de mente e atitudes subservientes e comportamento de vira latas.
A mobilização dos movimentos sociais e partidos de esquerda no próximo dia 20 de agosto foi objeto de comentário de Frei Beto, o qual criticou o dia marcado, ou seja uma quinta-feira, dia útil. Portanto, o exito dos atos em defesa da democracia e do mandato da Presidente Dilma requer uma ampla divulgação/convocação, também, por parte dos blogs, caso contrario vai ser um fiasco. A direita é insaciável e truculenta e mostrou suas garras no domingo. Disse Sun Tzu: ” A invencibilidade está na defesa, a possibilidade de vitória , no ataque. Quem defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca mostra que ela é abundante” . Vamos a luta!
Realmente, não é possível ter um diálogo racional com coxinhas.
Fernando, creio que você quer dizer “tolerância com os intolerantes” né?…..Porque eu não tenho a menor tolerância com eles. Penso que essa tolerância ajudou, e muito, o bicho sair da garrafa!…Por conta da transição civilizada é que o FHC não tá na cadeia, e, agora, tai pululando com os protofascistas!…
Não consigo sentir o mesmo otimismo do respeitável Fernando Brito em relação a este papel conferido a Lula, haja vista a temporada de caça aberta redirecionada a ele.
O ânimo desta caçada liderada pela mídia corporativa contra o Lula é o mesmo que se abateu contra ele em 1989 e antes.
Resta saber se o maior líder popular que a história já produziu neste país vai responder como Lulinha Paz e Amor, no modo combativo de outrora ou através de uma liderança de novo tipo.
Seja como for, ele deverá ser capaz de chamar o povo à defesa épica de si próprio, pois a caçada a Lula é a caçada ao povo, que foi sempre esmagado em seus mais comezinhos direitos pelas mesquinhas classes dirigentes do Brasil e aliados.
A história acelerou e as próximas horas prometem tensão, angústia, incertezas, determinação, coragem, energia, tristezas e alegrias, tudo impactando na psiquê dos indivíduos, dos grupos, das organizações e das classes sociais.
Os inimigos do povo querem obcecadamente a humilhação do Lula, para atingir o coração da dignidade popular. Ninguém se engane e peque por omissão.
Parabéns! Belo texto!
Como me orgulho de ser sua leitora assídua!
Sinceramente, ainda acho – a despeito de ser tachado de intolerante com os intolerantes – que já passou o momento em que seja possível sustentar um mínimo de tolerância ao que vem acontecendo no país. Acho que agora o momento pede firmeza e uma recusa completa de qualquer tipo de coação moral que redunde no maldito “republicanismo”. Como ter tolerância a quem joga bombas, bate em transeuntes, mente descaradamente para destruir reputações, usa das forças de segurança pública para implementar ainda mais o ódio que cultivam, pedem o fim da democracia na certeza de que uma ditadura beneficiaria a si próprio e a seus pares, tenta destruir o pouco que se conseguiu por puro capricho, etc. etc. etc.??????
O momento de tolerar acabou! E se houver mais tolerância, com certeza desaguaremos na pior das tormentas, por ter recusado remar contra as marolas. As ondas menores passaram por baixo do barco. Até agora não causaram muito mais que enjoo aos navegantes. Se não saírem desta rota, aparentemente mais curta por ser em linha reta, chegaremos à crista do tsunami rapidamente. Quando menos se esperar o casco do barco já terá se rompido nas pedras. E aí??? Quem tem o remo que rasgue o mar e mude de direção! O vento do “republicanismo” até agora, só nos conduziu ao fracasso. Não se pode ter vergonha de usar a força nestas horas. Não é a democracia que está em jogo neste momento. É o barco, ou melhor, o país! Se afundar, afogaremos todos e serviremos de isca pra tubarão. Democraticamente.
O curioso é que o PT não teve o menor pudor de contornar seus princípios pra garantir o leme do navio. Teve coragem de sobra pra botar colaboradores nos botes e fazer alguns saltarem da prancha.
Caro Fernando…
uma vez mais, você tem razão! Mas, o que faríamos com os deslumbrados, os oportunistas e/ou com os parvos que se dizem de esquerda? Com os eleitores de Marina, por exemplo? Ensinaríamos a ler e escrever de novo? Ou os convidaríamos para uma oração com ela e Malafaia contra o aborto e o casamento homoafetivo, em nome de Cristo, para todo o sempre, amém?
Então tá. Só ação política e econômica?
A mídia de massa não tem culpa nenhuma, e sua regulamentação também não faz falta.
Esta pobre gente que se pensa rica, que “se acha”, tirou estas idéias absurdas de suas próprias eficientes cabecinhas?
É muita criatividade para quem não consegue somar um mais um!
Séculos de campanhas midiáticas initerruptas não colaboraram em nada? Foi à toa…
As manifestações se devem ao ajuste econômico, ou a falta de base no congresso, né?
Basta perguntar para qualquer coxinha, para ver como eles todos tem clara esta leitura.
Foram todos para a rua por causa da carestia, do desemprego, passam necessidade, foram pedir para que os políticos se unam em torno da governabilidade. Se percebe esta coerência com facilidade, na fala de todos os entrevistados, não é mesmo?
Nenhum usa frases prontas cheias de ódio e sem significado real, nenhum deles repete manchetes já desmentidas, todos tem pensamento coerente, bem embasado na realidade, e não repetem disparates. Sem exceção, todos são bem educados, e tem capacidade para elaborar seus próprios pensamentos com criticidade.
Então tá. Xáprálá esta conversa de regulamentação, não carece, não. Deixa correr solto, vamos mergulhar de cabeça nesta idade mídia, e louvemos a santa inquisição dos jotabês e moros da vida. E que lindo, o Cerveró condenado, e o Yulssef na boa.
A extrema direita sempre teve esta arma, e faz as cabecinhas mais frágeis, desde que existe!
Melhor, “existem”, a extrema direita, sua mídia, e as cabecinhas frágeis.
“O que acontece de diferente é que a rolha que prendia esta maldade nas almas em ódio, já há algum tempo se soltou, com a ajuda de muita gente boa que acha, por outros motivos, que “a rua” é sempre fonte de sabedoria.”
Sim, sim. Junho de 2013, não é?
Não foram poucos os que perceberam que aquilo não corria bem, mas que ficaram com medo de criticar o “povo nas ruas”.
O romantismo ajudou a criar, ou melhor, a vitaminar o monstro.
Só não gostei do comentário do sr. Eduardo Noguchi, mas não tenho como dar reply, dizendo para não ofender o Lula comparando-o a Mandela. Desde quando alguém pode ser ofendido quando comparado a Nelson Mandela? Lula foi, para mim, o melhor presidente do nosso País, mas ele não se ofenderia se fosse comparado a Mandela.
ATÉ O NYT ACHA QUE A OPOSIÇÃO QUER MESMO É GOLPEAR AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/em-editorial-new-york-times-diz-que-nao-ha-motivo-para-impeachment-de-dilma/
Outro dia estava conversando sobre política com um vendedor de sorvete amigo meu, quando uma senhora que estava nas imediações, veio interferir em nosso papo: “vocês gostam da Dilma?” Respondemos que sim, ao que ela retrucou: “então não dá nem para conversar”. Na bucha eu perguntei: “e quem foi que chamou a sra em nossa conversa?”.
Boa, você lavou a minha alma.
Esses coxinhas aparecem em São Paulo e Curitiba. Em BH, que conhece Aécio Neves, fracasso total.
como já dizia o sábio
Nelson Rodrigues, ” Toda Unanimidade é burra”