Vaidoso e acostumado a ganhar “no grito”, o deputado Ricardo Barros saiu-se muito mal no depoimento – interrompido bruscamente – prestado hoje à CPI da Covid.
Tentou uma manobra de “cabo de esquadra” logo ao início do depoimento, cinicamente “agradecendo” o deputado Luís Miranda, porque este não teria dito seu nome ao ser comunicado de possíveis irregularidades na compra das vacinas indianas Covaxin. Foi desmentido, repetidamente, pelo vídeo do depoimento no qual Miranda narra que Bolsonaro mencionou o nome de Barros.
Um desastre, porque não é possível negar o fato de que, mais de um mês depois, Jair Bolsonaro não tenha desmentido isso e dado apenas uma declarção genérica, dizendo que nada tem contra seu líder e que não pode julgar apenas por denúncias.
Daí em diante, foram muitas pontas soltas – influência negada, amizade com os vendedores de vacina, falsas autorizações do Tribunal de Contas para pagamentos – que só contribuíram para reforçar o fato, que parece evidente, que Ricardo Barros, ministro da Saúde de Michel Temer, continuava, durante o governo Bolsonaro, a mexer cordéis dentro do Ministério.
Barros tem, por enquanto, a garantia de que está blindado pelo PP (o “Centrão do Centrão”, como o partido já é chamado), mas que não se fie muito nela, porque é a cabeça que está à prêmio. Terça-feira, sua presença, como um solitário deputado, no palanque da “tanqueciata da fumaça” mostra como ele está buscando a asa protetora do Governo.
O adiamento do depoimento fará com que, quando ele for novamente convocado, torna possível que, naquela ocasião, já se tenha quebrado algum elo frágil na cadeia de cumplicidades que estava estabelecida dentro da Saúde, da qual ele certamente é um anel do meio, não o da ponta.
PS. Em “última forma”, a sessão da CPI foi retomada e encerrada.