Derrocada de Crivela move as pedras da sucessão no Rio

Não tenho antipatia pessoal por Marcelo Crivella, apenas a política, grande e antiga.

Pessoalmente, é homem civilizado e de bom trato, embora politicamente seja, embora soft, uma expressão do obscurantismo evangélico que avança sobre a política. Reparem que a ênfase está no obscurantismo, não no evangélico, pois temos um presidente que se diz católico mas é obscurantista acima de tudo.

Não tenho condições de opinar sobre o contrato que a Prefeitura prorrogou, alegamente sem amparo jurídico para isso, e não dá, por isso, para falar das razões formais do pedido de impeachment.

Mas, como carioca, não creio  que seja o único a achar que sua administração é desastrosa.

Ele tem até méritos por não ter deixado a cidade entrar em colapso financeiro, arrastada pela crise econômica, pelo desabamento dos preços do petróleo (e dos royalties, em consequência) e pelo colapso da administração estadual.

Cometeu, porém,  o erro básico de não cuidar da conserva, o sinal mais visível da decadência urbana.

Falta-lhe algo, entretanto, além do dinheiro que obviamente esteve escasso.

Crivella nunca encarnou os sentimentos da cidade e isso, no Rio de Janeiro, é fatal, ainda mais em um contexto em que a cidade saía de um clima de recuperação, quase eufórico, para entrar numa depressão de falência e abandono.

Um governante, no Rio, tem sempre de buscar o brilho que apagaram à cidade.

É imprevisível se o processo aberto na Câmara o levará ao impeachment.

Não é de desconsiderar que a sua exclusão do processo sucessório não vá embalar alternativas piores: Carlos Bolsonaro (se puder ser candidato ou indicar um preposto) ou Índio da Costa.

Mas um processo que vai desidratá-lo politicamente  aconselha à esquerda carioca a que se “deselitize”.

Porque, com menos de 10% dos votos na popularíssima Zona Oeste como teve a candidatura Freixo em 2016, não tem a menor chance.

A classe média pode derrotar, eventualmente, mas não elege.

Quem passasse por Laranjeiras ou pelo Flamengo na eleição passada daria de barato a eleição de Marcelo Freixo.

Mas há um Rio profundo que, desde 2010 ( e até de antes) a esquerda perdeu.

Ela tem o dever de recuperar, pelo Rio e pelo Brasil.

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30 respostas

  1. A política do Rio de Janeiro eu não conheço, mas aqui no interior de São Paulo ela continua conservadora. A Universal chegou aqui também ! Esqueceram?

  2. Nesse ponto, Ciro tinha razão: O Rio de Janeiro é a cidade que tem mais artistas por metro quadrado. Mesmo assim, elegeu um evangélico. E por que?

    Ao invés de falar de coisas que o povo queria ouvir, a proposta do outro lado era só coisas sobre liberação da maconha e pauta LGBT.

    Marcelo Freixo não saiu da Praça São Salvador, no Flamengo.

    1. Não podemos deixar de compreender que cada povo tem o governo que merece. Se para ganhar eleição, o candidato da esquerda tem que fazer o que a direita faz, então é melhor perder.

      1. Enquanto a ênfase estiver em pautas “holandesas” e “diversionismo pequeno-burguês” para um povo que vive uma realidade subsaariana, a direita sempre agradecerá a existência deste tipo de esquerda.

        Globo, inclusive. Plim! Plim!

    2. Verdade. Esquerda cirandeira, afogada em pautas identitárias, só podia perder mesmo. Esqueceram que a pauta da esquerda é a Luta de Classes. Deu nisso aí. No Rio e no Brasil.

  3. Prá passear, não vou ao Rio desde 2012. Só fui para enterros.
    Destruir o Rio era fundamental para destruir o Brasil. E os ricos daqui conseguiram isso.
    Os parentes que restaram não visitam museus, Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista, Corcovado, centros culturais ou Pão de Açúcar. E não vão a shows de Chico, Caetano e outros e muito menos, aos desfiles de Carnaval na cidade. Acho que nem o Prefeito… Uma vergonha! Emburreceram!
    O Brasil emburreceu aqui no Sul Maravilha…
    Já o Nordeste, melhorou enormemente. Parentes na Bahia e Rio Grande do Norte são hoje, o melhor da minha família.

    ,

  4. Por mais que se faça autocrítica, que se faça proposta para a esquerda virar o jogo, a grande verdade, na minha opinião, é que SÓ LULA consegue furar a lavagem cerebral à qual o povo foi submetido.
    Por isto ele está preso !
    Por falar nisto março acabou e o prometido julgamento da ONU ……… Acho que será em 2029 mesmo. Não é que vá resolver todos os nossos problemas, mas uma pressão internacional ajudaria.

    1. A ONU é um quintal dos EUA! O golpe daqui alguns anos teremos acessos a documentos americanos que vão mostrar como eles arquitetaram o golpe para tirar a Dilma e o Lula da eleição para presidente. É só assistir ao documentário “O Dia que Durou 21 Anos” que ficamos sabendo como foi o golpe de 64. Não acredito na ONU.

  5. Por mais que se faça autocrítica, que se faça proposta para a esquerda virar o jogo, a grande verdade, na minha opinião, é que SÓ LULA consegue furar a lavagem cerebral à qual o povo foi submetido.
    Por isto ele está preso !
    Por falar nisto março acabou e o prometido julgamento da ONU ……… Acho que será em 2029 mesmo. Não é que vá resolver todos os nossos problemas, mas uma pressão internacional ajudaria.

  6. Olha, por mais que não suportemos o Crivella, acho muito perigoso tratar impeachment com essa naturalidade. “Não tenho condições de opinar sobre o contrato”. Ora, uma questão tão pequena quanto um aditivo de contratinho não pode ser motivo de impeachment. Pra tirar o cara tem que ser um crime claro. Pra um observador neutro está na cara que é a mesma situação da Dilma, em que muitos poderiam dizer “não tenho condições de opinar sobre a pedalada no crédito rural”.
    Quando é contra o Crivella vale mas contra a Dilma não?
    Na prática isso é referendar um parlamentarismo disfarçado, onde se o executivo não tem momentaneamente um terço dos votos, pode ser retirado por qqr bobaginha administrativa. Alguém acha que isso vai ser bom para quem defende o povo em governos futuros? Ficar refém do parlamento?
    Fico muito preocupado com esse desprezo pelo voto popular e os rituais democraticos. O cara foi eleito pra 4 anos tem que ficar 4 anos. Só sai se for pego com a boca na butija.

      1. Sim. Na democracia é assim q funciona. Caso contrário é o caos.. o mesmo horror que estamos vivendo

    1. Que fique bem claro que eu DETESTO o Ciro Gomes, mas concordo com uma frase dele: “Governo ruim se tira no voto”. Nós de esquerda temos de parar, para ontem, com essa história de concordar com injustiças quando estas atingem nossos adversários.

    2. Concordo ipsis literis. Todavia, ao remover a Presidenta Dilma baseados na sua impopularidade e no oportunismo dos que promoveram o impeachment, ficou claro a banalização de um instrumento para uso em situações gravíssimas e extremas. Abriu-se a possibilidade do seu uso contra governadores, prefeitos e ministros do STF por qualquer “dá cá uma palha”. E, agora?

    3. Meu caro, a expressão “Não tenho condições de opinar sobre o contrato”, de forma alguma, quer diminuir a gravidade do crime a ensejar o impedimento. Ao contrário da sua interpretação, percebo bem, sem qualquer procuração para falar em seu nome, que o Brito deixou clara a sua posição.
      E, diferentemente de sua colocação, “(…) um aditivo de contratinho (…)” pode e deve se caracterizar imputação bastante para o impeachment, desde que esteja tipificado na Legislação, e é essa leitura que deve ser feita. Nada a ver com a ausência de crime de responsabilidade da Dilma, já reconhecida, diga-se de passagem.

    4. Bernardo, acho que você não leu o texto com atenção. A frase completa é “Não tenho condições de opinar sobre o contrato que a Prefeitura
      prorrogou, alegadamente sem amparo jurídico para isso, e não dá, por isso,
      para falar das razões formais do pedido de impeachment.

      Por isto, o Fernando Brito não toma partido do impeachment. Ele só mostra que a administração é desastrosa e conclama as esquerdas a reganhar os eleitores para um próximo escrutínio.

      Quanto à Dilma, todo mundo sabia que o impeachment era uma farsa.

  7. Ô Brito, pare de dourar a pilúla, Crivella é um bosta!…
    Eleito pelo mal eleitor carioca!….Se cair, vai tarde!…

  8. Não podemos deixar de compreender que cada povo tem o governo que merece. Se para ganhar eleição, o candidato da esquerda tem que fazer o que a direita faz, então é melhor perder. A degradação ética do carioca, assim como do brasileiro, graças ao bombardeio da mídia anti PT e das fake news, é um problema que NÃO pode fazer a esquerda mudar seu discurso só pra ganhar eleição. O povo que pague pela sua estupidez até aprender. Um dia ele aprende.

  9. O Rio controlado por milicias e traficantes ,elege um evangélico.A cultura carioca rica em liberalidade ,e que exportou ao resto do Brasil essa execrência chamada funky ,com todos seus adendos não menos perniciosos, escolhe um evangélico ,por què ??
    Qual o real peso da pressão dos grupos armados? das igrejas pentecostais? da mídia ?? Rio no es simples de entender ,aliás, até o próprio Brasil ,não é.

  10. Eu acho curioso a narrativa daqueles que afirmam que a esquerda devia fazer auto crítica, que assim volta a ganhar eleições. Engraçado que ninguém cobra auto crítica da direita por se juntar a estrumes como Crivella e Bolsonaro. Há anos Crivella vem sendo acusado de favorecer sua trupe e de crimes eleitorais. Pode-se observar bem que só são bem tratados quem puxa o saco do prefeito e de seu secretário Paulo Messina (que é o verdadeiro prefeito da cidade). Enquanto isso, o Centro da cidade vem sendo devastado. Virou um depósito de mendigos e lojas fechadas. Fecha-se uma loja e abre-se um bordel, é o que dizem aqui no Centro. E a culpa é da esquerda? Culpa da população que ao invés de se informar, prefere sintonizar Datena e suas imitações aqui no Rio.

  11. O caso é sério. As pautas menores tomaram conta da cena como se fossem as maiores. Não é que não tenham importância. Os direitos da população LGBT devem ser respeitados. Mas como garantir o respeito aos direitos deles se os direitos demas criancas à educação, de todos à saúde, ao trabalho, à moradia não está sendo? É como se discutíssemos a cobertura do bolo, se será com chantilly ou frutas ou nozes mas não temos bolo. Para mim há que descriminalizar a maconha (e podem distribuir de graça que eu não quero), mas é menos importante que a profusão de autos de resistência para justificar assassinatos, que crianças sendo mortas por balas perdidas, que professores sem condição de ministrar aulas.

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