A Folha ressuscita, com uma chamada marota no site, a história de que a “Maioria é contrária ao voto obrigatório no Brasil, aponta Datafolha“, a recorrente história de tornar facultativo o voto no Brasil.
É só olhar os números do gráfico que o jornal publica (acima) e ver que a tal maioria quase sempre houve e, até, diminuiu.
É sempre a mesma deformação individualista, presente também, nestes dias, a ideia do “eu me vacino se eu quiser”.
Só que, no caso do voto, o cidadão já não é obrigado a votar, porque existem o voto nulo e o branco para aqueles que não querem votar em nenhum candidato ou que acham que “qualquer um serve” possam expressar sua opinião.
O que ganha um cidadão por, um dia a cada dois anos, perder uma ou duas horas para participar do destino de sua cidade, de seu Estado e, sobretudo, do seu país?
Então, porque a direita sempre quer retroagir nessa conquista democrática, que elevou a participação da população nas decisões sobre quem vai governá-la de cerca de 2% na República Velha para quase 60%, atualmente?
É uma contradição flagrante que gente que fale em participação, em responsabilidade social, em inclusão apoie uma ideia que reduza participação, retire responsabilidade e exclui pessoas?
Há outro aspecto grave.
O fato de ser eleito por uma minoria – com participação de 60 a 70% dos eleitores, será inevitável que mesmo um vencedor com metade dos votos tenha, do total, entre 30 e 35% da escolha dos cidadãos – tem o poder de, se assim o quiser a mídia, ser apontado como um governante sem o apoio da maioria.
Nestas circunstâncias, será um governante fraco, incapaz de enfrentar o establishment ou, se o fizer, estar sujeito a ser derrubado.
Mas isso, claro, convence os tolos a ideia “liberal” do “cada um faz o que quiser e se quiser”, como se a vida fosse um exercício meramente individual, não um exercício coletivo.
Tolos, sim, porque serão levados a acreditar que cada um é livre para ser dominado.