Dilma fará com Levy o que fez com Mantega ou fará como Lula fez com o “tsunami”?

tempolevy

Quando eclodiu a crise do subprime, arrastando bancos, empresas e governos por todo o mundo para o buraco, todos ridicularizaram o então presidente Lula por prever que o “tsunami” seria aqui pouco mais que uma “marolinha”.

O que se passou, todos sabem, e o Brasil viveu o maior surto de crescimento da sua história recente.

Havia, como há em qualquer política econômica expansionista, gargalos e armadilhas a vencer e a evitar. Os nossos, de educação, de infraestrutura, de aguda dependência da exportação de commodities e de um crônico artificialismo cambial foram parcamente confrontados e quando o foram, com a ideia de que, com alívios e incentivos fiscais, as empresas iriam investir em modernização, em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência tecnológica.

A ambição da elite econômica brasileira é tática, quase nunca estratégica.

Não sei se por opção própria ou necessidade política – é bom lembrar que, desde 2013, o enfrentamento do Governo chegou ao paroxismo, com um movimento que só os muito ingênuos ainda acham que tinha algo de espontâneo o u progressista, embora certamente amplificado pela “greve de política” a que o Governo se entregou desde a posse de Dilma – Guido Mantega deixou ou precisou deixar de “tirar o pé” suavemente de algumas políticas públicas, sobretudo  de desoneração fiscal, cujos benefícios sobre o emprego ainda estão por ser provados.

Ocorre agora o mesmo com o ministro Levy, por incrível que pareça.

Ele tem razão no que disse hoje ao Valor: “o PIB brasileiro não retraiu por conta do ajuste fiscal e sim “porque as pessoas pararam para ver o que ia acontecer

Na política, é obvio que isso aconteceu, desde a “pauta-bomba” até a onda pelo impeachment.

Mas na administração da economia, é evidente que se parou por duas razões: a primeira, pela histeria lavajatista – ver, a propósito, a reportagem do Estadão, sobre as empreiteiras não terem fechado um contrato novo sequer em 2015 – e a segunda, seu próprio discurso e prática recessivos, que reduziu ou aniquilou as expectativas de expansão da economia.

Houve outros erros, como o  reajuste dos preços administrados – energia elétrica, sobretudo – que, se foi represado erroneamente, não poderia ter sido liberado como foi a barragem da Samarco, com aumento de 52% este ano. Um evidente exagero, certamente de olho num alívio futuro que, ao reverso, contribuísse para reduzir as taxas inflacionárias.

Ao que parece – ou se espera – Dilma aguarda que Levy cumpra seu ciclo, com a aprovação – certamente “capenga” – das medidas de ajuste enviadas ao Congresso. A situação de “barata tonta” em que se encontra a parcela do Legislativo que se aglutinava em torno de Eduardo Cunha, de fato, melhora as condições de algum resultado num legislativo em que só vinham desastres orçamentários.

Se a esquerda não topar o jogo hipócrita da oposição de “parar a Câmara” em nome de uma moralidade que nunca praticou e, de outro lado, não entender que Cunha já não tem poder para deflagrar, a menos que seja como um louco desesperado, um processo de impeachment, é provável que tenha chances de fazê-lo.

De qualquer forma, com 2015, encerra-se a era Levy na economia.

Com escreveu-me hoje, de maneira concisa, uma pessoa amiga, “sem ousadia não há como sair de crise alguma”.

 

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14 respostas

  1. “Houve outros erros, como o reajuste dos preços administrados – energia elétrica, sobretudo – que, se foi represado erroneamente, não poderia ter sido liberado como foi a barragem da Samarco, com aumento de 52% este ano. Um evidente exagero, certamente de olho num alívio futuro que, ao reverso, contribuísse para reduzir as taxas inflacionárias.”

    Manter as empresas de energia elétrica (geração, transmissão, distribuição, comercialização) com dívidas altíssimas (como estão) sem reajuste (para pagar, parceladamente, a dívida de mais de 20bilhões), era o mesmo que sucatear para vender.

    Em outras palavras:
    O represamento dos preços de energia elétrica, para fins de segurar inflação e almejar a reeleição deu certo.
    Contudo, as empresas que patrocinaram compulsivamente o fato estão agonizando, e os estrangeiros estão doidos para entrarem com força, notadamente chineses, né?

    1. Joselito, não é apenas resultado do represamento há aumento no preço da energia decorrente da utilização de termoelétricas e do etanol, este como resultado da ganância de nosso setor sucroalcooleiro!!!!!

    2. Augusto2, As Agências têm autonomia e seus presidentes têm mandato fixo, só não sei quando foram nomeados e quando deverão ser trocados, vide os absurdos com relação às ferrovias!!!!!!!

  2. Estao mesmo com dividas altissimas? Entao as tomaram em 2014 porque em 2013 aceitaram, exceto SP,MG, a reduçao de tarifas eletricas em troca da prorrogaçao de suas concessões. Ninguem faz isso com dividas altissimas, mas sim negocia na hora de faze-lo.
    Outra é perguntar como eu pergunto: quem é a ANEEL e quem a comanda e de fato nomeia sua diretoria ? quem de fato manda ali? Aquilo ali pertence na pratica funcional ao Ministerio respectivo ou é pocilga da privataria? Porque agora as eletropaulos – que é gringa- tem 60 pct, depois em cima 17% , depois em cima mais nao sei quanto %?
    E por falar nisso a AES-Eletrolesma (q demora 6 horas para um simples conserto de transformador) ja pagou os 1,2 bilhoes que pegou do BNDES pra fingir que era “capital estrangeiro” na privataria geraldino serrática ou ainda não?

  3. Pessoal! 23/11/2015 Anotem:

    1 – A Argentina vai dar o tom.

    2 – A oposição daqui fará tudo igualzinho a de lá.

    3 – As declarações dadas hoje por Macri é só um aperitivo.

    4 – O pt (amarelo), e o “PTSDB” (é isso mesmo) devem estar super contentes, radiantes, já vi comentários na internet que mercadante está a favor do fechamento de escolas em São Paulo.

    5 – Podem se preparar, dilma não fará nada, como sempre fez.

    6 – A partir de 2018 será a nossa vez.

    1. Sim Tromba em 2018 será a vez de retomarmos a presidência com Lula que terá um handcap extremamente favorável à época aguarde, seguidor dos tucanalhas; o PT amarelo perderá força a depender do próximo PED. Mercadante perderá o pouco da força que ainda tem, setores à esquerda avançam no partido!!!!!!!!

  4. E se assim for, contraditoriamente ao aparente, ter colocado Levy terá sido um primeiro passo de ousadia política!
    Tempos difíceis esses nossos.

  5. Fernando Brito, sempre tão brilhante, está cedendo à ideologia e partidarismo… Perdemos nós, seus leitores… Pena!

  6. O governo Lula incentivou de forma irresponsável o consumo das famílias; que diga-se de passagem muitas encontram-se hoje endividadas até as tampas, desonerou produtos da linha branca, setor automobilístico, material de construção, entre outros; Dilma não tem espaço para fazer movimentos bruscos na economia, visto que as famílias estão endividadas; a inflação nas alturas; queda de renda; desemprego galopante; empresas sem confiança para investir, etc. Cenário assustador não somente para este ano como para o próximo; quem viver verá.

  7. Tijolaço, Viomundo, DCM, Cafezinho… ninguém vai comentar sobre a previsão do Governo de PIB -1,9% em 2016????

    entendi…

    1. Você tem uma farta coleção de estrumes deste tipo de reporcagem no G1, UOL, IG, VEJA, FOLHA, ESTADÃO, PSDB, MBL, VEM PRA RUA … não é o bastante?

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