Justiça não pode ser feita com molecagens

dedos

Todo este embrulho que se formou na delação da JBS. com os benefícios imorais concedidos da Joesley Batista e cúmplices, que Rodrigo Janot quer anular, preservando, porém, as provas colhidas através deles deveria ser, para as pessoas de bem, uma advertência sobre o absurdo em que a Justiça brasileira e que vai exigir, rápido, mudanças na lei da delação premiada.

Claro, a turminha histérica de Curitiba e os moralistas de ocasião – aqueles que descobriram a virtude apenas de tempos para cá – vão gritar que isso é um “ataque à Lava Jato” e para “proteger os corruptos”.

Mas ficou evidente que é completamente insano, com base na simples “palavra” de gente que se sabe evidentemente ser criminosa, que se desfechem processos de imensa gravidade que podem estar, como este, contaminados. Se a patranha se revelar – e, a crer desconfiando que tenha sido o acaso que revelou o “pornoáudio” dos açougueiros, só por raro acaso se revela – desfaz-se o trato, pede-se a prisão dos mentirosos mas se dá valor ao que produziram para prender seus delatados.

Então, seja assim: só o acaso pode revelar que há uma trama bandida atrás as histórias que se revelam estarrecendo a população e justificando tudo. Não se está dizendo, óbvio, que as informações são falsas: aí estão os R$ 51 milhões de Geddel para provar sua – e não apenas sua – corrupção monumental.

Mas provas, provas são o essencial e no caso dele, são palpáveis e indesmentíveis: não conjecturas e convicções. Como o apartamento-cofre, são provas as contas no exterior de Eduardo Cunha, dinheiros incompatíveis dos diretores da Petrobras, malas em pizzarias do assessor de Temer e do primo mandado por Aécio aos Batista.

O resto – o apartamento que “ia” ser do Lula, mas não se prova que foi, o prédio que “ia” ser de seu Instituto, mas não foi, as contas que “seriam” de Dilma e Lula, mas são de Joesley – é acusação onde a única verdade inquestionável é a de que elas interessam aos acusadores para minorar suas próprias penas.

Que eles ajam assim, como moleques ansiosos por evitar o castigo, compreende-se, mesmo com a repulsa. Que o Estado, representado pelo MP, o faça, é inadmissível. Menos ainda que a Justiça sancione a exposição pública de pessoas sem que haja certeza razoável de que tenham cometido crimes, com um “controle” que se limita a verificar se os “papéis estão em ordem” e à pergunta ao delator se delatou por livre e espontânea vontade.

Depois de um ano de cadeia e a perspectiva de mais dez, não há vontade que possa ser livre e espontânea, é evidente a qualquer um. Dizer que foram feitas por alguns depois de libertados, após meses de cárcere é algo que se desmonta imaginando uma única pergunta de seus inquisidores: “você quer voltar para lá?”.

Espantoso é que juízes fascistizados pela distorção punitiva de seu papel, com os olhos brilhando pelo poder de “castigar a corrupção” – a dos outros, claro, porque a si mesmos justificam e calam quanto às ventagens corporativas autoconcedidas – não percebam que transformam seu poder legítimo de sopesadores prudentes da acusação e da defesa numa mera formalidade de homologar o que lhe trazem a polícia e o MP.

Até os que admiram o direito negocial da justiça criminal norte-americana sabem que lá, embora se transacionem perdões a criminosos, o produto de suas delações só vem à tona depois de colecionadas provas de quase impossível negação, jamais um “eu acho”, um “ele sabia” ou um “meu pai falou com ele”.

Na manhã do dia 6, antes da delação “a ser premiada”  de Antonio Palocci, escreveu-se aqui que a Justiça não pode ser feita com “caguetagens”, para usar a forma popular do que são.

Insuspeito de petismos, o cartunista Chico, em O Globo, traduz hoje na imagem que reproduzi ao alto, a que está entregue a Justiça brasileira.

Vamos num caminho em que, breve, a estátua daquela senhora de olhos vendados, espada na mão e venda nos olhos, será substituída por estranhos monólitos em formato de mão, de onde brota, triunfante, um dedo estendido, apontado ao céu dos deuses togados.

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17 respostas

  1. A mortadela entrou em coma e se viu num túnel de luz brilhante.
    No fim dele, surgiu o próprio Jesus. E ela foi logo perguntando:
    – Meu Deus, você viu o que estão fazendo com o pobre do Lula?
    Jesus respondeu:
    – O Lula só está pagando pelos seus pecados. Ele roubou muito, minha filha.
    Nisso, ela desperta do coma e vê ao lado da cama a cumpanhêra Benedita:
    – Benedita, não é só o Palofi, você não adivinha quem virou coxinha traíra!!!!

    1. Até em sonho de coxinha a mania de grandeza é grande de receber Jesus. Se o uso em vão do nome desse cara realmente fosse um pecado, muitos raios já partiriam ao meio os “usufrutuários”.

    1. Só tem delator moleque se tiver procurador moleque, juiz de primeira instância moleque, STF moleque, e povo moleque.

      1. Esses caras teansformaram o Brasil numa República de Moleques.
        Uma terra de patos sob o comando de patifes!

  2. Este tipo de justiça na base do preso delatar para ser solto só existe no Brasil, no tribunal do Moro contra o PT, imaginem se isso fosse aceito em tribunal verdadeiro, não haveria nenhum preso na carceragem, é só dizer que tudo que fez foi a mando de alguém e seria senha para ser solto. Não duvidemos que Gedel agora preso diga que o dinheiro seja do Lula e da Dilma desviado da Petrobras e que ele estava ajudando o Lula pois este pediu para retirar esse montante do triplex onde seria fácil a policia encontrar, no outro dia estará solto. O Jornal o Globo já mancheteou que o dinheiro é do Lula. Tudo é possível no tribunal de Curitiba pois lá não é necessário provar nada, e Moro jamais teve uma mísera prova, assim como o depoimento do Palloci não também não tem nenhum documento de sustetabilidade.

  3. Parece que o treinamento dos procuradores e juízes na terra do tio Sangue (Lenita acertou em cheio a nova denominação) foi muito fácil. Todos os candidatos a traíra nacional devem ter vindo da mesma forma do cabo Anselmo. Próximo filme de sucesso será ‘Nascidos para trair”, estrelado pelo mais famoso torquemada tupiniquim: Tom Moro. A revolta de um MP provinciano e burguês é tão evidente que eles mesmo devem afirmar ao comprar seus ternos em Miami: Madame Bovary sou eu!.

  4. Todas essas mazelas que esta passando o Brasil , devem ser creditadas ao STF . Aos honorabilíssimos juízes defensores da constituição , do direito , como disse a presidente do tribunal , ” não se deve manchar a honorabilidade do tribunal ” . Mas este tribunal não tem manchas , tal e qual as pinturas modernas pega se um balde de tinta e se joga numa tela em branco e vai se jogando vários outros até não ter mais as parte brancas . Está é a situação do tribunal hoje sem manchas .
    Que me desculpe a presidente Carmem Lúcia , este corte está longe de ser isenta , honorável .

  5. Ah, faltou mencionar, como prova irrefutável, a quase meia tonelada de pasta-base para cocaína no helicóptero dos Perrela

  6. Fuad Faraj é Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná. Escreveu um excelente artigo sobre janot, publicado no Justificando e reproduzido no DCM. Leitura imperdível, deixo uns trechinhos para dar uma idéia de sua avaliação sobre a atuação do janot frente à PGR:
    “Revelando-se um grande estrategista político, o ilustre Procurador-Geral da República presevou-se à sombra a maior parte do tempo durante esses 3 anos. Era contudo, a mão invísivel, o comandante máximo, o maestro da orquestra e o grande general de um esquema promovido por integrantes do Ministério Público Federal de desmonte e subversão da Ordem Jurídica no âmbito da “assim chamada Operaçao Lavajato”.
    (…)
    Sua mão invisível permeou vários acontecimentos ocorridos “na assim chamada Operação Lava Jato”. Condutas de Procuradores da República perfilaram-se na mais estrita ilegalidade. Na mais plena luxúria de dissolução de costumes, flertou-se de maneira explícita com a ignóbil e escancarada criminalidade.”
    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/era-janot-os-crimes-da-assim-chamada-operacao-lava-jato-por-fuad-faraj/

  7. Eu sempre falei isso aqui, não sei como esse cidadão passou em concurso se for como os sorteios realizado no STF, o povo brasileiro estão fritos .

  8. Molecagem é a palavra certa para definir o comportamento do nosso sistema judiciário. Moleques destruíram a economia do Brasil, moleques operaram um golpe orquestrado pela CIA, moleques nos deixarão na miséria e no caos.
    Que tipo de pena mereceriam moleques que matam milhares de brasileiros e condenam outros tantos a sofrimentos intermináveis?
    Não consigo conceber mal maior do que este que fizeram os MOLEQUES a mando do Departamento de Estado Americano.
    Pena capital seria pouco.

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