“Disneylândia do neonazismo”. Mas não é brincadeira

Aos que acham que esta história de neonazismo é “folclore” em torno de alguns alucinados sem importância, recomenda-se a leitura da reportagem de Janaína Figueiredo, na edição de hoje de O Globo. onde registra-se que o Brasil é, no mundo, o país “onde mais cresce o número de grupos de extrema direita”. São 530, segundo um grupo de professores dedicado à pesquisa do tema:

— Desde 2018, o Brasil se transformou no país com maior crescimento de grupos de extrema direita. Este fenômeno tem a ver com a eleição de Jair Bolsonaro que, num nível subterrâneo, está vinculado a estas ideologias. Hoje, estima-se que 15% dos brasileiros são de extrema direita — afirma Michel Gherman, membro do Observatório da Extrema Direita, professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Instituto Brasil-Israel.

Seu colega Karl Schuster, professor das Universidades de Pernambuco e Vigo, na Espanha:

— Estas mais de 530 células ganharam autorização para aparecer. A pergunta fundamental não é se estes grupos são ou não fascistas, e sim por que eles trazem para si aspectos do fascismo histórico. O que eles ganham se aproximando desses discursos?

Eles manifestam a preocupação com a facilitação do acesso a armas desde que Bolsonaro assumiu a Presidência porque “todos estes grupos são contrários a qualquer tipo de nova regulamentação para voltar a restringir o acesso a armas e munições”.

Creio que a origem deste fenômeno assustador veio de antes, do momento em que a direita brasileira, a pretexto da derrubada de um governo eleito, aceitou conviver com estas ideias.

Parece que ninguém se lembre que, há apenas 6 meses, após o “7 de Setembro” golpista de Bolsonaro, alguns destes grupos acampavam com faixas nos gramados de Brasília prometendo “ucranizar o Brasil”.

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