Dificilmente o “distritão” aprovado ontem na comissão da Câmara que discute a reforma política (eleitoral, dizendo mais precisamente) dificilmente será aprovado no plenário, onde precisa ter 308 e não 17 votos.
E por uma simples razão: dos atuais deputados, apenas 36 teriam suas eleições garantida se o sistema vigorasse em 2014. 477 outros dependeriam de contas e combinações de resultados para ganharem suas cadeiras embora boa parte deles fosse conseguir.
Embora o fato de mudar a composição do parlamento pareça promissor, o sistema do “distritão” é um atraso em escala planetária: em todo o mundo, só é usado em Vanuatu (um arquipélago de 83 ilhotas no Pacífico), na Jordânia e no Afeganistão. Ah, sim, também no território britânico de Pit Cairn, uma ilha perdida no meio do nada, onde vivem apenas 57 pessoas, divididas em quatro famílias, a maioria descendentes do motim do Bounty, aquele que muita gente já viu nos filmes.
O troço, portanto, é uma aberração.Mas como a elite política brasileira também é um a aberração, prospera e volta à cena.
Um exemplo esquemático para você avaliar:
Num estado com 10 deputados e, digamos, um milhão de votos, 10 candidatos de partidos diferentes, cada um com 40 mil votos (seja porque foram prefeitos das maiores cidades, sejam “artistas” de TV, pastores evangélicos ou, simplesmente, tenham muito dinheiro para gastar) representarão todos os habitantes, com seus 400 mil votos, somados. Mas se um partido com boas lideranças comunitárias, sindicatos, movimentos sociais tiver 10 candidatos com 25 mil votos cada e outros 10 com 15 mil votos, não elegerá nenhum deputado ainda que que representem, em conjunto, os mesmos 400 mil votos.
Todos estes votos seriam, literalmente, jogados fora.
Portanto, o partido não representa nada e o poder – econômico, político e midiático – pode tudo.
Da primeira vez que se tentou isso, dois anos atrás, a proposta foi rejeitada por 267 votos, contra 210 a favor de sua adoção. E era maio, apenas três meses depois do triunfo do então prestigiadíssimo Eduardo Cunha, seu principal patrocinador.
Agora, as oligarquias políticas tentam de novo.
O espírito de Eduardo Cunha nunca saiu do Congresso.
21 respostas
Sobre o Distritão, Brito já disse tudo: “O troço, portanto, é uma aberração. Mas como a elite política brasileira também é um a aberração, prospera e volta à cena.”
O distritão consegue ser pior que o sistema atual. Alias, o sistema atual também é uma jaboticaba! nenhum país sério do mundo usa nosso sistema eleitoral. Ninguém nunca considera os sistemas que funcionam, como o distrital misto alemão ou até o distrital puro americano já seria um avanço sobre o modelo atual. Pois no modelo atual um único candidato que faz votos demais rouba o lugar de outros que fizeram muitos votos e entrega para um zé ninguém que não recebeu voto algum. No fim, é tão ruim quanto o distritão.
Quem quer o bem do Brasil? É como procurar agulha no palheiro!!! A crise pela qual passamos é culpa, entre outras coisas, de uma outra crise, qual seja, a do Direito e seus viés interpretativo – que, em muitas circunstâncias, apela para os gostos pessoais de quem julga o caso, o juiz. A postura de muitos do STF é prova de que a deturpação da hermenêutica e da exegese jurídica traz consequências maléficas para o conjunto da sociedade. O Direito não deveria ser partidário – o que acontece com frequência no Brasil. Os ministros do STF, quando emitem um parecer jurídico, deixam, nas entrelinhas, em qual candidato votou para presidente nas últimas eleições presidenciais… Para eles, fica difícil dissociar o Direito “latu sensu” de seus gostos pessoais e preferências partidárias, com isso, disseminam a “ignorância”, a discriminação, a desfaçatez, o opróbrio e, finalmente, o despotismo (de Sérgio Moro).
Roosevelt tentando emplacar o New Deal para tirar os EUA do caos da década de 30, declarou: “precisamos salvar a constituição do judiciário”.
A distribuição de eleitos pelo Brasil afora (esqueçam regiões, estados, cidades ou partidos políticos) deverá obedecer à quantidade de evangélicos que o país tiver. Ou seja, o congresso vai se transformar num templo evangélico. O quase pastor Cunha perdeu por pouco e os votos que ele teve foi de sua camarilha evangélica e agora as outras bancadas vão se associar à evangélica em defesa de seus interesses privados também. Assim, é bem possível que o distritão passe e nós nos tornaremos um país de deus e governado pela bíblia. Amém.
Quando a gente pensa que as cosas vão ainda piorar um pouco, se engana. As coisas inevitavelmente vão piorar muito.
“Quando tudo estiver perdido, não se preocupe. Sempre pode piorar!”
O que a camarilha do golpe e a partidária “justiça” brasileira fazem a cada dia é demonstrar o quanto esse dizer é verdadeiro.
Bom dia,
Até quando os blog vão ver analisar superficialmente o que esta ocorrendo no Brasil e começar a fazer criticas pesadas contra o Exercito brasileiro, STF(que o diga) e a população? Nem em sodamo e Gomorra foi assim, pois a libertinagem era explicita, mas não bagunçada como aqui. E as instituições que deveria moralizar se enterra na corrupção, absorve bandido e abre processos aparentemente contra inocentes. O que esperar nesse Brasil além da prostituição dessas instituições e da democracia? Exercito uma bosta, pois aqueles generais estão ganhando malas de grana, STF é o Gilmar e nós aqui palhaços. Chega disso ou partimos para uma realidade ou vamos logo abaixar as calças!
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1908660-empresa-de-ex-cliente-de-meirelles-tem-contratos-com-governo.shtml
https://www.youtube.com/watch?v=Q2L-NFpFM8E
Ainda não entendi o destritão.
O nome é confuso, mas funciona assim.
Os mais votados se elegem, simples assim. Um tiririca super votado apenas elegeria
a si mesmo e não elegeria outros com a sobra dos votos.
Helena, vou repostar aqui o que postei em outra página. Acho que assim fica bem simples de entender.
O sistema de voto proporcional, o de legenda, o que usamos atualmente, na teoria seria bom.
Na teoria funciona assim.
“Eu voto no candidato a deputado do partido XXXX porque eu aprovo as propostas econômicas e sociais do partido”.
Assim, se muita gente votar no mesmo cara, ele acabaria puxando para o congresso mais gente que defende as propostas do partido. Assim, mais eleitores se sentiriam representados.
Exemplo.
Vamos supor um estado com 1 milhão de eleitores e que tem direito a 10 deputados.
Aí tem dois partidos: o PQP e o PFDP.
o PQP propõe propostas a favor do trabalhador.
o PDFP propões propostas a favor do sistema financeiro.
Um único candidato do PQP é muito famoso no estado e recebe 800 mil votos. Os outros candidados do partido recebem só 1 voto cada porque são pouco conhecidos do público
Os outros quase 200 mil votos são para candidatos do PFDP.
Pelo sistema atual, proporcional, o PQP elegeria o deputado mais votado e outros 7 do mesmo partido, levando 8 cadeiras, ocupando 80% das vagas e representando os 80% dos eleitores. E os outros 20% de cadeiras representam os outros 20% de eleitores. Justo.
Pela mudança para voto ser somente no candidato e não na legenda, então o somente UM candidato do PQP seria eleito e os outros 9 seriam do PDFP.
Então haveria 10% das cadeiras para representar 80% dos eleitores, e 90% das cadeiras para representar 20% dos eleitores.
Isso é mau. Muito mal. Só vai favorecer os candidatos conhecidos:
* apresentadores de televisão
* raposas velhas
* herdeiros do coronelado
* queridinhos da mídia
* os que conseguem comprar muitos votos
* e os que vivem falando bobagem pra criar polêmica.
O primeiro sistema, o atual é muito melhor.
Na teoria.
Porque para funcionar na prática, teria que mudar algumas coisas.
1. Os partidos deveriam ter um estatuto forte e definido, deixando bem claras as propostas políticas, econômicas e sociais do partido.
2. A cadeira pertenceria ao partido. Político eleito que mudasse de partido deixaria o mandato para um substituto do mesmo partido.
3. Na maior parte das questões, o voto do deputado deveria seguir a diretriz do partido. Somente uns poucos assuntos deveriam ser deixados livres para o deputado escolher sua posição.
4. A sociedade e os outros partidos deveriam fiscalizar se os outros partidos e seus políticos eleitos estão cumprindo as diretrizes de estatuto, caso contrário deveria haver punição como mesmo perda das cadeiras ou inelegibilidade do partido por N anos.
5. Seria desejável que todo partido, antes das eleições, deixasse publicado e disponível ao público as diretrizes do partido em relação ao assuntos polêmicos a serem discutidos aos longo dos próximos anos, como por exemplo, sua posição em relação a aborto, drogas, educação, inclusão social, etc. E deveria haver uma forma de a sociedade cobrar dos políticos eleitos a coerência com as diretrizes do partido, também sujeito a punições.
Na prática, o sistema atual, proporcional mas sem fidelidade partidária, é quase tão ruim que o voto em candidato. Porque faz com que políticos populares, como o Tiririca ou Bolsonaro sejam usados como isca para atrair votos suficientes para eleger gente sem o menor compromisso com as propostas do partido.
No caso do Bolsonaro, por exemplo, gostando ou odiando, quem vota nele sabe muito bem que esperar dele. Mas não sabe o que vem dos outros 10 deputados que vem colados no rabo dele, porque não há, com exceção de poucos partidos, um compromisso dos políticos de seguirem as diretrizes do partido.
Ou seja, tem que mudar sim.
Mas o que está prestes a acontecer é a mudança pro lado errado.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1908660-empresa-de-ex-cliente-de-meirelles-tem-contratos-com-governo.shtml
https://www.youtube.com/watch?v=Q2L-NFpFM8E
Voto distrital é aquele que elegeu Donald Trump, mesmo ele tendo menor número de votos que a Hillary Clinton. Se já existisse no Brasil, Aécio Furnas Neves teria sido eleito em 2014. É isso que eles querem, ganhar eleição sem o voto da maioria. Sistema americano. Vamos incorporar o Brasil aos EUA e pronto, resolvemos todos os nossos problemas. Eles ficam com nossas riquezas e nós com a fome e miséria.
Não,. não é isso a ideia do distritão inicial. O nome remete a pensar assim.
Se São Paulo, Paraná Rio G. do sul e SC. quiserem se separar do país e se transformarem em colônia americana eu aceito.
A maioria da população dessas estados idolatra os Estados Unidos
Minha vontade é que o PT não dispute eleição alguma.
Que se fod.m os coxinhas e os patos. Eu já estou me acostumando com pouca comida e com pouca água. Porque vai faltar na mesa dos pobres e até na mesa dos babacas que se diziam classe média. ah vai.
Caro FB
Irá passar sim. Nem que seja para ser modificado depois. Há que se fantasiar, mascarar a democracia. Com o distrital, os golpistas ganham, com o parlamentarismo, os golpistas ganham.
Com o presidencialismo, até o momento, o PT ou quem for indicado por Lula, ganha. Qual o sentido do golpe neste caso??? Nenhum.
Saudações
ELE LEVA O PAÍS AO FMI COMPRANDO OS DEPUTADOS MAS ELE APROVA TUDO.
O SUS E AS UNIV. FEDERAIS JÁ ESTÃO PERTO DE FECHAR DE VEZ.
Brito, concordando com a sua opinião sobre o distritão, faço a ressalva de que essa ideia de que apenas 36 deputados foram eleitos pelos seus votos é equivocada. Eles foram os que atingiram o quociente eleitoral (que nas eleições proporcionais cabe ao partido), mas não significa que, pela contagem de votos absolutos, os demais não se elegeriam. Essa confusão foi criada numa matéria do El País que foi muito difundida por aqí.
“Sobre isso, é preciso esclarecer que hoje, na prática, a grande maioria dos deputados federais eleitos é formada pelos mais votados de seus estados. Apenas 45 deputados de todos os 513 que estão na Câmara Federal não estiveram na lista dos mais votados de seus estados. E mesmo assim não tiveram votações desprezíveis. Foram eleitos também pelos votos que receberam diretamente de seus eleitores. Assim, pelo menos 468 deputados federais teriam sido eleitos mesmo que fosse utilizado o critério de eleição dos mais votados.””
Tirado daqui: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/bruno-meirinho/deputados-eleitos-com-votos-proprios-e-com-o-voto-alheio-b2oiq6rlos8qrm7nr01cmw3pn
Abraço.
TEMER QUEBRA O PAÍS COMPRANDO O CONGRESSO E PEDE DINHEIRO AO FMI MAS ELE APROVA O PARLAMENTARISMO E DISTRITÃO.
Com ou sem distritao, ou a esquerda aprende a eleger deputado ou lascou tudo.
PS. As pessoas que se perguntam porque as pessoas letradas da década de 60 aderiram à luta armada, tudo, tudo, tudo está respondido…