Onde estão os votos?

Gabriel Zanlorenssi, editor de Gráficos no Nexo Jornal e Mestre em Ciência Política pela USP, publica dois gráficos preciosos para o desenho da campanha de Lula neste 2° turno, sobretudo porque há apenas 20 dias para fazê-lo, o que torna os roteiros do candidato uma peça-chave na mobilização e convicção do eleitorado.

No primeiro, que reproduzo em escala maior, Zanlorenssi, tabulando os resultados, mostra que um terço dos votos dados a Simone Tebet e Ciro Gomes está em 12 capitais. O destaque, claro, é a capital paulista onde, apesar de Lula já ter vencido o primeiro turno, Tebet e Ciro, somados, obtiveram 856 mil votos, 12,4% dos votos válidos, quase o dobro dos 7,2% que obtiveram nacionalmente.

Considerando o entorno da cidade, porque este índice repetiu-se na região metropolitana (que você vê também marcada em cor mais escura), pode-se dizer que estão ali quase 20% dos eleitores não-Lula e não-Bolsonaro.

Proporcionalmente, é mais que a participação da região no total do eleitorado nacional, em torno de 15%.

É claro que dá para promover atos de campanha em quase todas as 12 capitais e em algumas cidades-chave de seu entorno. Mas a prioridade é o tamanho do eleitorado e o da percentagem dos votos que ficou com os dois candidatos que, ao menos formalmente, apoiam Lula.

O segundo mapa mostra que, embora o eleitorado de Simone Tebet tenha sido numericamente superior ao de Ciro Gomes, com folga, a concentração dos votos “ciristas” no Nordeste ajuda a transferência para Lula, que teve 67% dos votos da região, onde os dois outros candidatos somaram 5,5% dos votos e, de quebra, é preciso dar combate a Bolsonaro, que joga muitas de suas fichas nas capitais nordestinas, onde perdeu, claro, mas com percentuais menores do que em todo o território regional.

Segundo turno é isto: manter seus votos e correr atrás de onde estão os eleitores mais refratários a seu oponente.

Bolsonaro levou sua cota de “votos úteis” no primeiro turno, pelo medo de que Lula fechasse a eleição. Agora, é hora de dizer o contrário: quem é contra Bolsonaro só tem um caminho: Lula.

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