Eleição de SP está ‘pendurada’ na eleição presidencial.

O resultado da pesquisa Datafolha para o governo de São Paulo mostra um quadro bem estranho e intrigante: todos ali são relativamente conhecido do público. a maioria dos que ocupam os primeiros lugares já governou e, no entanto, todos parecem personagens de uma série a procurarem que papel vão desempenhar na segunda (ou terceira, quarta, quinta…) temporada.

Geraldo Alckmin, um político de características provincianas (e não o digo pejorativamente), desde que o acaso o alçou ao governo com a doença e a morte de Mário Covas, complicou sua vida política quando engendrou um golpe de esperteza desnecessário e lançou uma víbora à prefeitura de Sâo Paulo em 2016.

Não precisava disso, pois dificilmente um candidato “convencional” do PSDB teria ganho aquelas eleições, contra um Fernando Haddad mal-avaliado e tendo de enfrentar o tsunami de acusações contra o PT.

Com o “Bolsodória”, o que poderia ter sido uma derrota “decente” na eleição presidencial (de novo) tornou-se uma humilhação. Não fez 5% no Brasil e teve menos de 9% em São Paulo.

Claro que se beneficia do recall de seus vários governos e é isso que lhe dá o ponto de partida alto que ostenta. Mas, ao que parece, é quem mais tem a perder deste acervo eleitoral, muito mais forte no interior e absolutamente vulnerável na capital e região metropolitana.

Não terá, ao menos no primeiro turno, a máquina administrativa paulista, com a qual sempre contou, a possível aliança com Marcio França é bem mais complexa hoje que em 2014, porque o ex-aliado tem razões para um apetite maior e, sobretudo, porque não terá – ao menos, ao que se indica, um candidato forte com o qual “dobrar”, a menos que este seja Jair Bolsonaro.

E, neste caso, não terá a companhia de França que, tanto quanto Alckmin, sofre do mal da “dobradinha” presidencial. Numa eleição nacional que cada vez mais parece estar plebiscitária, o muro fica estreito, muito estreito.

Esta história de candidato a governador de São Paulo, do Rio e de qualquer outro grande estado ser “blindada” da eleição presidencial simplesmente não existe.

Fernando Haddad, ao contrário de Alckmin, tem na candidatura Lula um trator a puxar a sua campanha e a de eleição de uma bancada petista expressiva. Tem problemas de certo grau de rejeição a seu nome, mas o papel que corajosamente assumiu em 18 o torna, muito mais que quando foi eleito prefeito de São Paulo, o “homem do Lula”.

Só não está “embolado” com Alckmin ou ligeiramente acima do ex-governador porque, com todo o merecimento, Gullherme Boulos surgiu como expressão da juventude e dos movimentos organizados da sociedade e caberá a Haddad e a Lula encontrarem a forma de fazer esta nova peça ter o encaixe proeminente que conquistou no campo da esquerda.

A disposição dos dois em fazê-lo é total e Lula, especialmente, tem uma admiração pessoal por ele que excede qualquer razão partidária.

Teremos de ver se o PSOL quer ter em Boulos um símbolo permanente de sua política ou ter mais uma “derrota com gosto de vitória”. Mais do Psol, aliás, isso depende do que de Boulos, que já se provou um quadro político muito acima de infantilismos.

O jogo da política, em São Paulo como em todo o Brasil, está “pendurado” nas eleições presidenciais.

No cenário da hoje, Bolsonaro tem acima de 30% dos votos paulistas e só um tolo crê que o seu “capitão Tarcísio”, se for um ungido candidato bolsonarista vá ter só os 4% que ostenta no Datafolha. Assim como Alckmin e França, que detém hoje parte destes votos, não vão perder apoio se aderirem ao “Mito” com suas candidaturas. Alcknaro ou Bolsofrança lhes seriam fatais.

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