Ontem à noite escrevi aqui sobre o “tiro no pé” de donald Trump em fazer o rali final de sua campanha dizendo que os efeitos do novo coronavírus “estão passando”.
Hoje, a agência inglesa Reuters publica declarações da força-tarefa montada pela própria Casa Branca de que emitiu um relatório dizendo haver uma “disseminação ampla e persistente” do vírus nas regiões do meio-Oeste norte-americano, e que o aumento do número de casos não tem a ver apenas com a aplicação de mas testes, porque as internações hospitalares estão crescendo: 13estados, principalmente no meio-Oeste e Oeste, relataram um número recorde de pacientes com Covid-19 hospitalizados ontem, de acordo com dados da própria agência.
São justamente estes estados os que representam a já remota esperança de Trump em reverter as pesquisas favoráveis a Joe Biden, o candidato democrata.
O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA e mais destacado integrante da assessoria científica do governo, Anthony Fauci – que já foi chamado de “idiota” por Trump, disse, em entrevista à emissora CNBC que o país está indo na direção errada e que ““se as coisas não mudarem, se continuarem no curso em que estamos, haverá muita dor neste país em relação a casos adicionais, hospitalizações e mortes”.
As coisas não vão mudar, Dr. Fauci, porque ninguém, a esta altura, quer correr o risco político de adotar medidas restritivas – pouquíssimo populares, já se vê – a menos de 5 dias da eleição.
Mas poucas mudanças podem acontecer e elas podem ser decisivas, porque o estranho sistema eleitoral dos EUA, onde o vencedor em cada estados leva todos os delegados ali traza a possibilidade de, mudando umas poucas centenas de voto, mudar o destino de mais de 350 milhões de outros, até mesmo contra a maioria deles.