Estudo mostra que padrão Fifa custaria o triplo em impostos

O Estadão publica hoje uma ótima matéria de Silvio Crespo sobre um tema do qual já tratamos, com o mesmo enfoque, aqui no Tijolaço.

É a história da carga tributária brasileira ser uma das maiores do mundo.

Não é, embora não seja, em percentagem de nosso Produto Interno Bruto, também das mais baixas.

Mas a coisa muda de figura quando se considera o tamanho deste PIB e o número de habitantes.

Aí fica claro que nosso problema não são os impostos nem seu uso – embora esse precise ser melhorado e crescentemente fiscalizado.

Mas é balela dizer que o dinheiro existe, apenas é mal utilizado.

É o insuspeitíssimo Estadão quem publica, com meus destaques:

Os impostos pagos no Brasil precisariam triplicar para que o Estado tivesse condições de oferecer à população um serviço público equivalente ao de países ricos, mostram dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Isso significa que a arrecadação de tributos deveria atingir 106% do PIB (produto interno bruto) – o que é impossível.

Juntos, os governos dos países do G-7 arrecadaram US$ 8,729 trilhões em 2010 em cima de uma economia que produziu conjuntamente US$ 29,320 trilhões. O resultado é uma carga tributária de 29,77% do PIB. Já no Brasil, os tributos equivaleram a 33,56% da economia, segundo a Receita Federal.

No entanto, no grupo dos sete países ricos, o PIB por habitante é de US$ 39.675, enquanto no Brasil é de apenas US$ 11.314. Considerando a carga tributária citada acima, o Estado brasileiro arrecadou naquele ano US$ 3.797 em impostos por habitante. Já os governos dos países do G-7 obtiveram US$ 11.811 para gastar com cada morador, mais que o triplo do verificado no Brasil.

Em outras palavras, para tentar oferecer serviço público equivalente ao dos países do G-7 sem mexer na arrecadação, o Estado brasileiro deveria ser pelo menos três vezes mais eficiente – por exemplo, deveria ser capaz de construir três hospitais com o dinheiro que as nações ricas erguem apenas um.

A reportagem, afirma, com toda a razão, que há espaço para melhorar a eficiência do gasto público no Brasil. Mas não haverá eficiência que possa transformar um real em três reais.

A menos, é claro, que estes três reais sejam a nota falsa da promessa demagógica.

Como, por exemplo, a do PSDB, que votou pelo fim da CPMF, propor agora uma emenda constitucional que obriga a União a gastar 18% de sua receita em Saúde. Como, se a meta de 12% que existe para os Estado só foi alcançada, na Minas de Aécio Neves, com uma manobra de atribuição dos gastos da Companhia de Água e Esgoto do estado para essa conta, o que virou um rumoroso processo.

A verdade é que s[o teremos maiores recursos para investir em serviços públicos se houver crescimento econômico que se possa tributar: as mesmas taxas, mas arrecadação maior. E, claro, sonegação menor.

O resto é conversa fiada de “choques de gestão” que só significam arrocho nas já insuficientes despesas públicas.

Claro que apenas nas despesas com o que serve ao povo, porque o superavit que garante o pagamento dos rentistas, este é sagrado.

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14 respostas

  1. Uma das mais diabólicas mentiras da mídia, que fazem a cabeça da classe média, é esta: “dinheiro há, mas é mal utilizado ou roubado”. Tipo da mentira que só é usada contra governos progressistas e que visa promover revolta e a destruição da credibilidade do governo. É a velha cantilena do “dinheiro público”, da “roubalheira”, dos “impostos elevados” e por aí vai.

  2. Extraordinária e surpreendente esta matéria do Estadão. Deveríamos reproduzi-la em todos lugares para enfrentar o discurso rentista e anti-impostos.

    1. Fiquei impressionado pelo Estadão publicar isso.

      É uma matéria tão lúcida, tão lúcida, que chega fica difícil de acreditar que saiu no Estadão.

      As conclusões dessa matéria precisam ser divulgadas aos quatro ventos para todos os brasileiros, para que finalmente exista uma compreensão sobre o fato de que NÃO EXISTE MILAGRE para termos serviços públicos do mesmo nível dos países ricos, sem termos um PIB per capita equivalente.

      Quem precisa saber disso, em primeiro lugar, são os coxinhas que querem “quebrar tudo” na Copa, sob o pretexto de que não temos serviços públicos “padrão FIFA”.

      Sem crescimento econômico, nunca teremos arrecadação suficiente para termos serviços públicos iguais aos dos países europeus. E A COPA DO MUNDO É UM INVESTIMENTO QUE POTENCIALIZA O CRESCIMENTO ECONÔMICO.

  3. O alinhamento ideológico da nossa imprensa Pig com nosso pib de extrema direita, promove constante desinformação em matéria tributária na busca do estado mínimo. Nosso país com a cobertura educacional pretendida, cobertura de serviços de saúde que se pretende, e cobertura previdenciária que temos, tem arrecadação de impostos baixa. Nunca foi elevada. Além dos gastos sociais elevados, temos escorchantes gasto financeiros, estes sim que deveriam ser lamentados por toda nossa população

  4. Lembrando que essa manobra foi questionada na justiça e os desembargadores entenderam que só o procurador geral poderia impetrar ação contra ex-governador (contra atos praticados quando governador).
    (além dos gastos da COPASA, exite um papo de que os 12% foram alcançados por parcelas não previstas na Lei, como remédios para cães do Canil da PM)

    Assim, deram prazo para o procurador geral ratificar a ação.

    Pergunto, e ai, quem acha que ele ratificou????

  5. Prestes a ficar sem sem trabalho são o empregados da Folha que está perdendo a credibilidade e descendo a ladeira rapidão, logo, logo estará no poço de piche. Só assim vai parar de urubuzar o país.

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