É claro que as previsões econômicas não se desenham,exatamente, pela impressão pública sobre o que há pela frente, se tempestade ou bonança.
Mas, sim, isso influi e muito, porque interfere em decisões de consumo, de crédito, de empreender ou não e de investir no aumento de capacidade de produzir, comercializar ou prestar serviços.
Expectativas positivas frustrarem-se, por isso, é algo bem mais comum do que não se realizarem as previsões sombrias.
A pesquisa Datafolha apontando que nada menos de 2/3 dos brasileiros esperarem uma situação econômica pior que a atual – que já é, como se sabe, péssima – sinaliza (perdoem-me o neologismo) um trashful thinking, a ideia de que não há, no prazo capaz de influir em decisões, nada que possa servir para animar a atividade da economia.
É mais significativo porque estamos, é claro, esperando que o futuro traga a vacinação e a normalização da vida em sociedade.
Com variações, o pessimismo é generalizado, seja por faixa de renda ou por distribuição geográfica, e só se vincula, mesmo, ao grau de apoiamento do atual presidente. O que, como se sabe, retira a racionalidade das suas expectativas.
É claro que, para usar a deficição de Mario Henrique Simonsen, em estudo clássico sobre expetativas econômicas, previsões deste tipo são apenas parcialmente autorrealizáveis, mas pesam, e muito.
Só que aquelas que não dependem de nós e andam bem fora da percepção da população, as externas, também não são nada boas, pela degradada imagem de nosso país.
Investir aqui, só em especulação financeira, em situações de oportunidade. Investimento concreto, nem pensar.
Portanto, quando analisar os movimentos políticos de Jair Bolsonaro, tenha em mente que tudo está impregnado de sua tentativa de isentar-se do fiasco econômico de seu governo.