Sim, é verdade que circula uma onda de boatos no meio evangélico de que o ex-presidente Lula, de volta ao governo, perseguiria ou até fecharia igrejas evangélicas.
E que esta mentira pode ser o que está por trás do suposto crescimento das intenções de voto de Jair Bolsonaro nesta parcela do eleitorado, embora isto, nas próprias pesquisas que o informam, sendo compensado pelo crescimento de Lula em outros recortes, resultando em estabilidade nos números finais.
Mas será que isso tem força para repor a Bolsonaro as esperanças que a falta de impacto, até este momento, do seu “pacote de bondades” de aumento de auxílios e instituição de “vales” a taxistas e a caminhoneiros?
A resposta é francamente “não” e está respaldada no fato de que a experiência prática das pessoas o desmente, porque Lula já governou por oito anos sem que nada parecido acontecesse. Não são, como aconteceu contra Fernando Haddad, mentiras ditas contra quem era desconhecido.
Os evangélicos, afinal, não vieram de Marte e chegaram agora ao nosso planeta.
É obvio que isso tem de ser enfrentado – e os aliados evangélicos de Lula, como o deputado André Janones estão fazendo – mas não é caindo no mesmo discurso do adversário, até porque Bolsonaro e sua mulher já mostraram que não têm ou terão qualquer limite ético em comportamentos e em suas palavras.
Lula, porém, tem de usar seu próprio exemplo de martírio como negação do impulso de perseguir. Não faltam preceitos religiosos a invocar, desde o dos Salmos – “Muitos são os meus adversários e os meus perseguidores, mas eu não me desvio dos teus estatutos” – até Timóteo: “…)os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados”.
Este é o caminho mais eficiente para Lula, porque é a negação do ódio, é o discurso que é subscrito pelos fatos, pela história, por aquilo que todos podem ver.