Fernando Nogueira da Costa e o amor do “mercado” pelos neoliberais

jurosalario

Antes de reproduzir o claríssimo post  do professor Fernando Nogueira da Costa, em seu blog – que é minha leitura obrigatória – sobre os “novos ricos das “classes A/B vou traduzir, mais do que ele faz, o que significam os gráficos aí de cima do post, que de lá tirei.

Imagine que você ganhava R$ 100 em 1994,  pouco antes do início do governo neoliberal de FHC. Então, você chegou a 2002 com um salário que valia, descontada a inflação, apenas R$ 83, considerada a média salarial do país. Perdeu 17% do seu valor real.

Mas se, ao contrário, você aplicou R$ 100 pela taxa de juros paga pelo governo, no mesmo período, chegou a dezembro de 2002 com o equivalente, também descontada a inflação, a R$ 322. Um ganho de 222%. Triplicou o capital, em valor real, e ainda mais 22% de lambuja sobre a aplicação inicial.

É só repetir o raciocínio no segundo gráfico, agora pensando em ganhar R$ 100 no ano final do período FHC e ver que isso, no final do primeiro governo Dilma, tinha um ganho real de 16%. Não que a turma da bufunfa tenha deixado de ganhar. Cem reais aplicados em 2002 viraram, sempre com a inflação descontada, R$ 227, ou 127% a mais, num período maior (13 contra nove anos do exemplo anterior).

Do ótimo artigo do professor Nogueira da Costa, comentando uma pesquisa sobre origens e hábitos das novas “classes altas” do país, retirei um trecho, que reproduzo a seguir, que é de escandalizar qualquer um que queira saber para onde se drena a renda do Brasil.

“Os números não mentem como os “delatores premiados” pelo paladino da (in)justiça brasileira. Mesmo sob tortura só confessam o que é a realidade estatística. Os interpretes que se enganam.  Fato: na sociedade brasileira, quem tinha investido R$ 35.000 em 100% do CDI de um LFT (título pós-fixado), no final do ano de 1994, e permaneceu com esse investimento financeiro intocado durante 20 anos, ou seja, até 2014, tornou-se milionário em reais!

A média anual da Selic nominal entre 1995-2014 foi 18,5%; o juro real médio ao ano foi 10,5%, disparadamente, o maior do mundo! E tem neoliberal que, despudoradamente, defende a manutenção dessa política para enriquecer mais a elite socioeconômica à custa do empobrecimento do restante da população…

Veja no gráfico e nas tabelas acima as comparações que fiz entre a Era Neoliberal e a Era Socialdesenvolvimentista. Entendeu a paixão de O Mercado pela política (e políticos) do neoliberalismo?

Equivalência da taxa do juro média real:

Era Neoliberal (1995-2002): 15,1% aa = 1,2% am

Era Socialdesenvolvimentista (2003-2014): 6,6% aa = 0,5% am

Nova Era Neoliberal (2015-2016): 14,25% aa = 1,1% am

Em outros termos, quem é milionário em reais aplicados no mercado financeiro a 100% do CDI, hoje, recebe no mínimo de renda mensal do seu capital financeiro o valor que o coloca entre os membros das Classes A e B: R$ 11.600.”

 

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