Folha desanca trabalhador nacional. Americano produz quatro vezes mais. E ganha seis vezes mais

produtividade

É curioso como atacam a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, como resultado de seu despreparo, de sua baixa qualificação e – implicitamente – reforça a ideia, velha como a Sé de Braga e que agora voltou à moda, de que somos um povo indolente, onde só se trabalha quando o chefe está olhando e, assim mesmo, com o chicote na mão.

Hoje a Folha publica matéria sobre o fato de que “Um trabalhador americano produz como quatro brasileiros“, como se o rendimento do trabalho fosse consequência do esforço do  trabalhador.

E não é. Envolve, claro, sua educação, causa sempre relegada pela elite, seu preparo profissional – coisa na qual a grande maioria das empresas não investe -, a tecnologia empregada e, é claro, a expectativa de recompensa salarial para quem vende sua força de trabalho.

Nem sempre alta tecnologia é o mais conveniente, do ponto de vista da sociedade. Com a recessão e o desemprego pós 29, Roosevelt lançou um programa de obras públicas – estradas e represas, especialmente – feitas quase “na mão”, pois uma das prioridades era gerar o maior número possível de postos de trabalho. Chegou a lançar a Lei Nacional de Recuperação Industrial (NRA), reduzindo a jornada de  trabalho, dependendo do setor, para entre 35 e 40 horas e proibindo o trabalho antes dos 16 anos, tudo para criar mais vagas.

Lá, como cá, a Suprema Corte tem um gostinho especial pelo patronato e derrubou a lei de Roosevelt, que teimou e, anos depois, fez o Fair Labor Standards Act. À custa de muita briga, como você pode ler aqui (em inglês) no site do Departamento do Trabalho nos EUA.

Quando, depois da 2a.Guerra, o problema passou a ser manter o parque industrial de máquinas feito para a luta, lançaram um novo programa de expansão e modernização de rodovias, consolidado no Interstate Nacional e Defesa Highways Act que, inclusive, usava fundos militares para fazer autoestradas com o máximo de máquinas do ocioso parque bélico. E os automóveis ainda consumiam o aço das siderúrgicas.

Sem falar na questão da qualificação, cultural, científica e operacional dos trabalhadores – nossas empresas querem operários japoneses, mas querem já prontos –  vamos ficar apenas na questão dos salários, que é onde, em tese, mais pesariam os custos de mão de obra na conta final da produtividade do trabalho, como dá a entender a Folha, ao dizer que um americano rende o mesmo que quatro brasileiros.

Pouca gente sabe que os EUA também têm salário mínimo, fruto daquelas medidas lá atrás de Roosevelt. Embora seja maior em 29 dos 50 estados americanos, é de pelo menos US$ 7,25 por hora. E isso sem reajuste desde 2009, hein?

Com o dólar a R$ 3,10, isso dá R$ 22,47. Exatas 6,27 vezes mais que a hora de trabalho pelo salário mínimo brasileiro, que é de R$ 3,85.

E agora, que o salário mínimo teve um ganho real, porque em abril de 2002, no último  reajuste da era FHC valia R$ 0,91, com o dólar a R$ 2,32, ou  US$ 0,39. Neste mesmo momento, nos EUA, era de US$ 5.15,

Mais de treze vezes maior.

É por isso que um amigo meu, gaiato que só, naqueles tempos de arrocho do salário mínimo, dizia que o conceito econômico de mais-valia de Marx, que é a diferença entre o valor final da mercadoria  e a soma de matérias-primas, maquinário, instalações, serviços contratados e tudo o que se empregou em sua produção, inclusive o valor do trabalho (e que seria a base do lucro) aqui no Brasil era diferente, bem diferente:

– Pra ganhar uma miséria destas mais-valia ficar em casa…

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14 respostas

  1. O que este PIG não faz contra o trabalhador brasileiro? Produtividade da Globo, Folha e Veja (esta é a causa de mandarem tantos jornalistas para a rua?), bancos que operam taxas extorsivas com lucros estratosféricos? Se derem a eles a mão de obra escrava ainda assim as corporações vão reclamar dos impostos e do governo. Pintam e bordam neste país. Investimento em qualificação de pessoas e mão de obra eles são contra, consideram despesa inútil.
    Tudo isto ao tempo em que se vota a extinção de direitos trabalhistas em um Congresso representante exclusivo de 10 ou 20 grandes corporações e dos seus próprios interesses. Penso qual seja a produtividade dos congressistas que os torne merecedores de tantas benesses, até de um shopping exclusivo. Estão a ponto de transformarem a legislatura maior em um balcão de negócios?

  2. Nego brasileiro é indolente sempre foi dito, qual um mantra pela casa grande, os brancos que tinham vergonha de trabalhar, pois não pegavam nem um copo de água já que branco tinha que ser servido, marcou a mente dos jornalista da folha (onde quem manda é a casa grande) a repetir o ritual de 400 anos de escravidão e vergonha do nosso pais.

  3. A esse propósito – produtividade do trabalhador brasileiro – tenho algumas observações mas vou citar só uma por pura preguiça:
    Ainda na época do FdpHc li, nalgum daqueles pasquins paulistas, provavelmente a falha, uma reportagem sobre um flanelão (para os nascidos hoje flanelão era a qualificação de guardadores irregulares de carros) atuante no centro de sp que ganhava por mês uma média de R$ 700,00 quando o salário minimo no governo do salafrário mor era algo entre 100 e 200 reais. Em outro exemplo mostrava mendigos que negociavam “pontos de esmola” no centro de sp onde o ganho mensal com esmolas novamente superava o salário minimo da época. Era assim que essa canalha pretendia que o trabalhador tivesse produtividade: a)levante 4hs para pegar um ônibus que em 2 ou mais hs o levará ao trabalho.
    b) Trabalhe 8hs e volte no mesmo ônibus para casa perfazendo, na melhor das hipóteses 12 hs diárias de corveia.
    c) Não se esqueça, seu preguiçoso de procurar uns cursos noturnos para se aperfeiçoar e procurar empregos fora da faixa do minimo.
    Esse é o mundo ideal desses imbecis da direita: um país em que se ganha mais pedindo esmola do que trabalhando. Quer saber, vão pra pqp essa canalha paulista toda.

  4. Brito, são 19h, domingo. A matéria “Janio, o Parlashopping e o senador junior” não está carregando. Não sei se o problema é só no meu PC. Dê uma olhada aí no seu sistema. Abraços.

    1. Se o Jânio de Freitas não citar, vale a pena lembrar que lojas de luxo eram parte das “comodidades” ou “privilégios” que os membros do Comitê central do partido comunista tinham na união soviética. Quem diria hein? Seu Cunha imitando os comunistas!!! Aliás as dachas também eram privilégio dos “evangelistas” do comunismo. Geralmente, como aqui, ficavam na margem dalgum lago. Aleluia irmãos!!!

      1. Esse tipo de absurdo não é exclusividade de economias planificadas ou de mercado livres. Não depende do modelo socioeconômico que um Estado adote. Esse tipo de absurdo ocorre porque nossa cultura ainda é corrupta, e a corrupção social se reflete nas nossas instituições, aparecendo em governos da esquerda ou da direita. A questão Antônio, é que entre a União Soviética e a época atual, passaram-se algumas gerações. E neste período, uma importante mudança de mentalidade aconteceu no mundo, em especial após a segunda guerra mundial. Essa mudança de mentalidade reforçou alguns valores do Estado democrático de Direito, difundindo os Direitos humanos, ampliando as liberdades individuais, os regimes democráticos, a independência de poderes, a politização do indivíduo e o controle social. Toda essa transformação cultural e histórica se reflete nas nossas instituições atuais, o que torna ainda mais asquerosa e inadmissível a proposta de construção de um shopping no valor de R$ 1 bilhão, para o luxo e conforto dos deputados. Trata-se de uma aberração histórica, um retrocesso ao século XIX.

  5. Ela descobriu que o lixo de seu jornal,só tem jornalista malandro,vagabundo e mal intencionados,por isto está indo pra fossa,pois é uma MERDA.

  6. Um atentado contra todo trabalhador do BRASIL.
    Um Jornal que informa isto aos brasileiros, impõe
    alem de muitas outras coisas, mais um peso em sua
    mochila, já tão pesada nesta sociedade.
    Eu fui um trabalhador de Industria de Papel, dei dois
    start ups em fabricas, junto com americanos, alemães,
    suecos, mexicanos e chilenos…
    E mesmo tendo o meu curso Técnico, e ter ainda que
    aprender as linguas dos trabalhadores estrangêiros,
    e conviver com eles, o que foi excelente..
    Não fiquei devendo nada ao meu PATRÃO..fiz tudo e
    mais um pouco, fui de confiança, e estava pronto a
    aprender mais e mais..
    E da boca deles ouviamos, que o trabalhador brasileiro
    é invejavél…só não ganha como eles..
    Outra coisa…que estes caras não lembraram…o Sindicato
    destes trabalhadores estrangeiros são extremamente fortes
    junto e a frente de seus empregadores..
    Coisa que aqui a Mídia coloca para baixo..
    A pessoa que escreveu isto para desmerecer o trabalhador
    não ama o trabalho, nem mesmo o seu..
    Não vão dobrar os joelhos dos trabalhadores..

  7. A produtividade depende das máquinas utilizadas e do treinamento recebido. No programa Brasilianas do Nassif sobre esse assunto, um empresário afirmou que se o trabalhador brasileiro dispusesse de máquinas modernas como o trabalhador alemão, a produtividade seria semelhante.

  8. Folha mensurou, muito provavelmente, seus próprios funcionários e diretores. Por isso que a relação ficou desparelha!

  9. A análise de valores salariais deve levar em conta não apenas a pura e simples comparação de valores, mas uma visão mais abrangente dos preços relativos. Uma coisa, todavia, não podemos deixar de considerar. Assim como os empresários criticam a baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros, com que eu não concordo, temos que avaliar a qualidade dos capitalistas (empresários) de nosso País. A esmagadora maioria deles gosta muito de aplicar capital dos outros em seus empreendimentos, reservando seus recursos para investimentos privados de suas pessoas jurídicas. O Delfim Neto já afirmou uma vez com muita propriedade (coisa rara) que o Brasil é um País capitalista sem capital. Essa turma do andar de cima gosta muito de ter o Governo, por meio do BNDES, como seu sócio. Aliás, a “viúva” é o parceiro ideal. Não dá palpite na administração, pouco fiscaliza e sua remuneração é baixíssima. Basta um olhar superficial sobre nossas empresas para ver que sua política é a de pagar mal aos empregados e ao menor sinal de dificuldade suspender o pagamento de impostos e dar o calote nos fornecedores e Bancos. Neste universo de empresários, gostaria de incluir os da mídia. Os que mais foram beneficiados pela geração de riqueza em nosso País e que detêm hoje substantiva parcela dos recursos orçamentários do governo para financiar suas atividades. Basta olhar o volume de dinheiro que recebem pela propaganda política gratuita, que, afinal, não é tão gratuita assim. E olha que todos exploram concessão pública bastante seletiva.

  10. Este cálculo da folha é inconsistente. Ele deve ter sido feito a partir do PIB brasileiro, que é calculado em reais, dividido pela taxa de câmbio. O método correto é o que é feito a partir da paridade do poder de compra (purchasing power parity). O PIB do Brasil calculado por este método – que é o adequado para se fazer comparações com outros países – é quase o dobro do que este que a folha utilizou (calculado pelo método Atlas). É verdade que a produtividade da mão de obra americana é maior do que a nossa, mas não cheganem ao dobro, muito menos ao quádruplo. Esta notícia da folha é para os incautos lerem e levarem a sério…

  11. A matéria não ofende o trabalhador brasileiro, apenas apresenta dados de produtividade. Não diz que o trabalhador brasileiro é preguiçoso, diz que a razão pib/trabalhador é assim. Quais os motivos? Talvez o trabalhador americano tenha equipamentos melhores, talvez o trabalhador americano tenha estudado mais tempo e o brasileiro tenha pegado no batente mais cedo e por isso não consegue atingir a mesma produtividade, talvez o trabalhador americano tenha melhor acesso à saúde e por isso fica menos tempo doente, talvez o americano não precise passar horas no ônibus para chegar ao trabalho, talvez ocorra menos acidentes de trabalho nos EUA e até pode ser que o brasileiro só quer saber do salário mesmo e não tem ambição. O porteiro do meu prédio tem muito tempo livre para ver televisão, nunca vi ele com um livro na mão. Isto é fato.

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