Passei a usar este nome, anos atrás, para definir os ataques de tolice dos quais o grande jornal paulista é acometido, volta e meia, na sua compulsão ao tucanismo de punhos de renda.
Hoje é dia de um deles, com seu editorial “Jair Roussef”, onde pretende fazer comparações entre o atual presidente e Dilma, deposta em 2016.
Embora a intenção do jornal seja a de desmerecer Bolsonaro com a comparação esdrúxula, é evidente que é a ex-presidenta quem tem o direito de sentir-se ofendida com a sinonímia com um fascistóide e apoiador da tortura da qual ela própria foi vítima.
À parte a estupidez da comparação, analisemos o mérito – ou a falta dele – de afirmar que a o atual presidente faz o mesmo que ela ao “flertar com a elevação sem limites do gasto público por acreditar que, mais adiante, a gastança possa pavimentar um caminho seguro à reeleição”.
Esta elevação “sem limites” das despesas – de 16,8% do Produto Interno Bruto, em 2011, a 19,4% em 2015, segundo o texto – teria sido francamente compensada se Dilma não tivesse feito justamente aquilo que é a grande grita dos liberais: reduzir a carga tributária das empresas, pela via das desonerações, baixando o peso dos impostos de 33,4% do PIB para 32,1%, mesmo se tratando de um período em que o Produto Interno Bruto crescia menos e, portanto, as receitas com tributos minguavam.
O que foi, diga-se, o seu maior fiasco, porque a geração de empregos que com isso se pretendia virou embolsamento de lucro pelos empresários.
Aliás, é só buscar na memória e se verá que elevação de despesas de custeio só veio mesmo, pra valer, no governo Dilma, com os acordos que se teve de fazer diante do renque de “pautas-bomba” que o Congreso golpista de Eduardo Cunha colocava, todos os dias, à frente de seu governo.
Agora, de fato gastou-se no Governo Dilma, se considerarem-se gastos os investimentos, notadamente em infraestrutura. Foram, em média, mais de R$ 80 bilhões anos, quatro vezes mais do que o previsto no Orçamento deste ano. Previsto, porque o realizado certamente será bem menos.
Dilma jamais apelou para algo assemelhado a um “quem quer dinheiro” populista, nem mesmo no tantas vezes acusado Bolsa Família, que no período escolhido pela Folha – 2011 a 2015 – passou de 13,55 milhões de famílias para 13,78 milhões, com um pico de 14,1 milhões em 2013. Variações mais que naturais num programa deste tipo.
É tolice da Folha preocupar-se em passar este papelão por medo de que Jair Bolsonaro venha a aumentar tributos para financiar um programa social e desenvolvimentista, porque nenhuma das três coisas ocorrerá, senão por manobras de enganação de trouxas, entre os quais a Folha parece estar se incluindo.
Jair Bolsonaro não aumentará impostos, mesmo com Paulo Guedes querendo. Jair Bolsonaro pode pretender obras públicas, mesmo com Paulo Guedes não querendo, exceto alguma coisinha para agradar o chefe. E nem um nem outro querem algum programa social permanente, capaz de transferir renda de quem tem para quem não tem.
Este governo não vai fungar no cangote do empresário para soprar no bolso do povão.