Governo não tirará garimpeiros, fará só um “espalha”

O governo Bolsonaro especializou-se em devastar o Brasil.

Devastar fisica e economicamente mas, também, em erodir a imagem do nosso país – que é seu patrimônio – diante do mundo.

A cena de centenas de dragas, amarradas uma às outras como se fossem barricadas às leis ambiental, formando linhas sobre o Rio Madeira, derrubando os barrancos ribeirinhos ou sugando diretamente a terra do fundo do rio está se espalhando pelo mundo, como se espalharam as da floresta em chamas, a das toras de madeira acumuladas pelo desmatamento, as dos animais mortos e a de crianças indígenas em pele e osso.

As carreiras de dragas, no vilarejo de Autazes, não estão longe de Manaus – coisa de 150 km, por rio, o que é nada em distâncias amazônicas – onde estão sedes do Ibama, da Polícia Federal, da Marinha e do Exército – e estão se ajuntando há tempos, desde que o preço do ouro subiu e a ação do Estado brasileiro minguou.

Agora, prometem uma ação “emergencial” contra os garimpeiros ilegais que, por sua vez, prometem reagir a bala. Não vão.

Um ou outro garimpo ilegal, uma outra balsa de mineração clandestina, perdida nas áreas remotas da Amazônia pode haver e quase sempre haverá, difícil de detectar e remover.

Mas uma Serra Pelada fluvial que veio se formando há semanas e meses não foi uma casualidade, foi resultado da política oficial de leniência com os garimpeiros, xodós do presidente da República.

Vai-se apreender aquelas barcaças, às centenas, como deveria ser feito? Imaginem o baque na mineração ilegal que seria tirar duas ou três centenas de barcos irregulares que sugam as entranhas dos rios amazônicos?

E agora, depois de recrutada uma massa de desvalidos para funcionar em equipamentos que custam R$ 50 ou 70 ml, cada, o que se fará daqueles pobres diabos, atraídos pela perspetiva de ganhos que não teriam e não terão?

Nada, as autuações por garimpo ilegal caíram 50%, quase, no período Bolsonaro e garimpeiros clandestinos chegaram a ser levados de avião da FAB para fazerem queixas contra a fiscalização em Brasília.

Vão desfazer, no máximo, a “aglomeração” afrontosa e tudo seguirá como dantes, com os grossos interesses de gente importante na exploração, política e econômica, das milícias do garimpo.

 

 

 

 

 

 

 

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