Haddad vai a Lira vom proposta de paz de Lula

Ontem, as pedras de Lula no tabuleiro de xadrez em que se trava a primeira fase da sua batalha contra um Congresso de maioria de direita (primeira, porque haverá outra, com a posse dos novos parlamentares, tão ou mais de direita quanto), com a decretação da inconstitucionalidade do Orçamento Secreto e a liberação para os recursos do novo Bolsa Família por ato unilateral do Executivo.

Hoje é dia de Arthur Lira mover as suas, mas não se sabe o que prevalecerá em sua estratégia: se a tendência de “vingança” contra o que, na cabeça dele, foram “dedos do PT”, se o pragmatismo de assegurar a sua reeleição à presidência da Câmara e que, embora menores, continue a ter influência na distribuição de verbas aos parlamentares.

Daqui a pouco ele se reúne com Fernando Haddad, ministro indicado da Fazenda e vai abrir parte de seu jogo, exigindo alguma alteração formal na PEC aprovada no Senado, para “salvar a cara” e não sair como “derrotado”, o que é uma tolice, porque a PEC não foi construída contra ele e só seria mesmo vencido se sua posição fosse (ou for) de anulá-la por algum subterfúgio.

Por duas vezes, Lira pôs-se nessa posição, achando que venceria quanto mais duro fosse. Parece que não foi assim e ele ainda tem tempo para entender que, no diálogo, há o espaço que não há no grito.

A “candidatura de esquerda” à presidência da Câmara – manchete da Folha agora cedo – é mero balão de ensaio, que não se concretizará, salvo se Lira quiser abrir as baterias contra o governo Lula e se posicionar como candidato extremista. Neste caso, o PL bolsonarista e os adeptos dele incrustrados no Republicanos, no Podemos e no próprio PP passarão a almejar, eles próprios, o controle da Casa.

Ainda creio que se travará hoje uma “Batalha de Itararé” – aquela que não houve – e não a de Ásculo, aquela onde se gerou, segundo Plutarco, a famosa frase do rei Pirro do Egito, dizendo que com outra “vitória” como aquela estaria arruinado.

Haddad vai levar a Lira a mensagem de Lula: num clima bom, a confiança aumenta; na briga, nem o razoável se consegue.

 

 

 

 

 

 

 

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