Via Nilson Lage, chega-me a imagem postada no Facebook por Rodrigo Aguiar, que reproduz um editorial da Folha de S. Paulo de 28 de janeiro de 1964.
A cantilena, quase igual, exceto porque a “infiltração comunista” da qual se falava então virou “aparelhamento petista”.
A Petrobras já era vista como “um Estado dentro do Estado” e o monopólio estatal era apontado como “capa que acoberta inepcia, demagogia e quiçá desonestidade”.
Era preciso “uma limpeza na direção da Petrobras (…) para que desapareçam as preocupações ideológicas que hoje a marcam”…
Apesar dos freios que quase sempre lhe impuseram – e que se ensaia recolocar, agora – a Petrobras tornou-se uma gigante mundial e, por isso, muito mais ambicionadas suas riquezas, que são nossas.
O entreguismo mudou de forma, aumentou seus apetites e, sobretudo, diluiu-se ideologicamente em gente que acredita que não se vive mais do tempo dos impérios e que o mundo, de fato, é global.
Gente que aceita que foi a democracia e não o petróleo que levou os norte-americanos ao Iraque.
E que cai no conto de que o projeto de José Serra quer apenas “aliviar” a Petrobras da pressão, coitada, de ter de explorar a maior jazida de petróleo descoberta no século 21.
19 respostas
Ora, Fernando. Tem mané pra acreditar em qualquer coisa, até duende.
Assim como tem mané que acredita piamente que o governo do PT melhorou a vida do povo. Vê se pode uma coisa dessa!!!
Pronto, foi só falar em mané que já aparece um nelson mané.
Fatos, atenha-se aos fatos. Com 8% de aprovação e você ainda acha que as pessoas têm a percepção de terem melhorado de vida? Acho que estou vendo duende.
Cloves,
Precisa tomar fosfosol. Quem tem um pingo de discernimento percebe a campanha contra os governos do PT. A pesquisa por amostragem funciona assim: em um universo de 1200 “entrevistas” têm-se a opinão da população inteira. Você já foi entrevistado em pesquisa da Datafoia, IBOGLOPE, e outros? Eu nunca fui.
Sua vida piorou com o PT no governo?
Só se você tiver menos de 2 anos.
Você é que vê duendes, fica evidente ao ver que você acredita nas “pesquisas” da DataFolha…
Nelson va se instruir e antes de mais nada trabalhar!
Vc. se engana em achar que o “Nelson” não trabalha. Acha que ele (seja como Nelson, como Cloves – não importa o nome que utiliza), não recebe nada para ficar postando estas asneiras?
É o candidato do clã Bush à presidência do Império, disse em discurso demagógico ao povo bocaberta, que o maninho dele…o Jorginho…errou ao invadir o Iraque. Em parte ele tem razão, errou pro povo Americano e mundial que pagaram a conta…mas não pra “famíglia” Bush, que encheu a conta com o SAQUE das riquezas do Iraque. Aqui cabe o jargão para os Americans…sabe de nada inocente.
A cantilena do PiG através dos jornais e tvs PiGnianas estão idênticas, inclusive alguns personagens (zébolinha,os neves, fhc) estão atacando novamente.
Atenção pessoal
Está sendo realizada uma pesquisa via tel, de um instituto chamado Momento, do Paraná, com perguntas nitidamente tendenciosas em favor do PSDB e PMDB.
É mais um instrumento para concretizar o golpe….
Brito, Brito, deixa de tanto republicanismo, companheiro. Como é que você deixa publicar aqui, disfarçada de comentário, uma chamada para a passeata do dia 16, meu caro?
Brizola deve estar se torcendo no túmulo.
O que aconteceu foi que com a derrubada do Jango os golpistas esperavam vender ou fechar a Petrobras. Os militares, nacionalistas, deram-lhes o drible da vaca e não apenas conservaram, mas desenvolveram ao máximo a Petrobras. E ainda prenderam o Lacerda, que começou a conspirar contra eles ao perceber que a agenda deles não era a da UDN.
Fernando Brito
O mais curioso dessa história é o seguinte.
Os nomes de alguns dos comunistas sobre os quais a folha falava.
José Serra, Aloísio 300 mil Nunes.
Trágico e cômico!!!
Direita Brasileira :
Se cobrir vira circo e se cercar vira hospício,
Diante do terrível que se aproxima, e que assolapa vorazmente uma cova à Democracia brasileira, resta-me uma pequeníssima varanda à imaginação… Desta maneira, por não ser ateu, mas um agnóstico-cético, não tenho mentores definitivos nem santos protetores… Sim, não tenho qualquer igreja mistificadora nem casa própria…: sou apenas uma cabana sob a efemeridade dos cabelos… Dessa maneira, posso me definir como uma biblioteca itinerante em esquecimento, mas que preserva dentro do possível alguns parágrafos potenciais à felicidade… Dentre os pouquíssimos…, deixo um que teimamos em esquecer quando diante do poder… sob milhões.
SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS
by Bertold Brecht
Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói.
Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.
Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc.
Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.
Na última frase do preâmbulo, o mais preciso é:”…do poder…sob(re) milhões”.
CATASSOL
by Ramiro Conceição
O poeta fora prometido ao deus da vida;
porém sem saber engravidou de poesias
por ação do espírito humano;
e o deus da vida, seu marido prometido,
que era justo, não o denunciou
porque sabia que o artista trazia frutos
ao seu passado, presente e futuro.
O poeta concebeu em sua língua
para ensinar, em muitas línguas,
sua linguagem estética, política
e ética.
E a lira não se quebrou.
E um catassol cantou:
“Sou um ruminante cérebro mutante,
um lento catassol sobre a leitura
que sabe: ler é conceber com ternura.”
“Sou uma repetição, uma aliteração,
uma especiaria para condimentar iguarias,
uma hortaliça que plantei em nossa horta.
Sou homenagem póstuma a estrelas mortas.”
“Perdi a hora de tudo.
Meu relógio marcou todos os fusos.
Sou a maçaroca no fuso do mundo.”
“Cada vez mais, torna-se claro
que sou feito de outra história.
Não desta, mentirosa e sem memória.”
“Cada vez mais, tenho a certeza
de que pertenço ao mar bravio,
pois sou um peixe que não pertence
a este aquário vil.”
Até parece que os jornalistas que escreviam na década de 1960, pré golpe, são os mesmos que escrevem hoje!
COM suas manchetes vociferantes, a velha mídia refaz o mesmo climão que antecedeu o golpe de 64.
Açula, noticia, agita a notícia sobre o açulado rufar das panelas carregadas de ódio, acumulando forças para conseguir açular, noticiar e agitar a notícia de uma desejada vitória golpista açulada.
A permanecer a letargia das forças progressistas que nada tem a ver com malfeitos –tenham sido eles quais forem — o futuro é sombrio.
No atual contexto, só por meio das lutas de rua e do trabalho de base nos locais de moradia, trabalho e estudo nas cidades e no campo, vamos reverter o clima envenenado de fim dos tempos, lançado ardilosamente pelos eternos inimigos da classe trabalhadora e do povo.