Hoje, num culto evangélico (mais um, porque eles viraram os comícios possíveis a ele), Jair Bolsonaro acusou os empresários de “não e manifestarem” quando o país sentiu “um pouco do que é ditadura.
Não, leitor e leitora, não foi a que durou de 1964 a 1985, foram as semanas em que, em razão da Covid, foram implantadas medidas restritivas para conter a expansão do vírus que já matou quase 680 mil pessoas.
“Vimos na pandemia as arbitrariedade cometidas por alguns chefes de Executivo pelo Brasil. Retiraram o direito de ir e vir, prenderam mulheres e fizeram barbaridades Ninguém falou a palavra democracia. Tudo podia ser feito.”
Não é preciso argumentar sobre quantos mais teriam morrido – que sabe eu e você – se não fossem adotadas medidas restritivas ao comércio e a espetáculos, menores até que as da maioria dos países democráticos.
O importante é perceber o que há de significativo em Bolsonaro, espontaneamente, trazer a questão da pandemia para a disputa eleitoral.
É conversa que só lhe dá votos em meio à sua turma de fanáticos e, portanto, um sinal de que bateu o desespero em salvar os dedos de anéis que se vão.
Bernardo Mello Franco, ótimo colunista de O Globo, mata a charada:
Bolsonaro não se sensibilizou com mais de 670 mil mortes na pandemia. Seria ingenuidade imaginar que ele está preocupado com o número de assinaturas numa petição online. O motivo da ira presidencial é a adesão de porta-vozes da elite econômica e de entidades como Fiesp e Febraban, que lançarão um segundo manifesto na semana que vem. O capitão é tosco, mas sabe o que isso significa.