Janio de Freitas: há perigos para a eleição

Mestre Janio de Freitas, na Folha, explica porque não se deve tratar apenas como uma questão de tempo o fim do pesadelo Bolsonaro no Brasil.

O que acontece hoje, ainda que tenda a ser visto pelo ângulo do ridículo, é a preparação de uma contestação, brutal e violenta, da contestação do resultado eleitoral que poderia selar este despertar.

Jair Bolsonaro conseguiu semear, nas suas falanges e nos grupos a elas aderidos por estultice, a desconfiança na verdade das urnas e não vai parar de bater nesta tecla por um longo tempo. E com mais intensidade.

Usando, como se vê, os comandos das Forças Armadas como backing vocal de seus rugidos.

Há, observa Janio, finalmente alguma reação das instituições da República, mas esta não basta: é preciso que reajam “os cidadãos, como indivíduos e por suas organizações.”

Eleição presidencial de 2022 se
encaminha para ser muito perigosa

Janio de Freitas, na Folha

O funcionamento, afinal, de parte das instituições em defesa da Constituição e do regime vigente exige atenção para os seus efeitos. São contrapostos. E não há clareza alguma sobre o que daí resultará.

Longe de ser “questão encerrada”, a combinação urna eletrônica/fraude está encaminhada para ser um dos temas mais explosivos na disputa eleitoral.

Para dizer tudo, na conturbação que Bolsonaro estará apto a promover, para arruinar a eleição ou, diz a gíria, para tentar vencer na marra.

Mas, tudo sugere, a eleição presidencial de 2022 encaminha-se para ser muito perigosa. Em numerosos sentidos, inclusive para a população.

Apesar disso, aumentam os riscos de mais e maior criminalidade, em aposta redobrada.

A prisão do marginal Roberto Jefferson logo provocou o medo raivoso, que apela às boçalidades.

Convém realçar, neste sentido, a ida de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos, não para visitar o ídolo Trump, como noticiado. Por certo, para contatos orientadores e busca de apoio no que há de pior entre os trumpistas.

Estamos em uma inversão na dependência do regime democrático: das instituições para os cidadãos, como indivíduos e por suas organizações.

O futuro do atual regime passa a depender do apoio efetivo, e talvez urgente, às ações reativas que interrompem, em parte, o ciclo das omissões. O lado da legalidade recebeu das instituições a iniciativa que lhes era cobrada. A retribuição —decisiva— está em suas mãos.

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