Com o país comovido pelo encontro dos “remanescentes humanos” do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, Jair Bolsonaro disse ontem à noite que “Jesus “não comprou uma pistola porque não tinha naquela época”, em resposta a um “pastor armamentista” (algo inacreditável), que se referiu a um suposta exortação em que o Nazareno diz a seus discípulos de comprassem espadas, numa óbvia metáfora para que se preparassem para tempos difíceis e de perseguição depois de sua morte.
Infelizmente, não é possível dizer que Bolsonaro esteja sozinho como sacerdote da morte. Aliás, seu pastor do MEC quase foi responsável por duas, ao disparar sua Glock acidentalmente no saguão do Aeroporto de Brasília.
Ali, no seu festim diabólico, não houve ninguém que se aventurasse da lembrar-lhe de outra passagem bíblica, esta nada metafórica, de Mateus 26:52, quando Jesus diz a Pedro que “Embainhe a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”.
Não nos espantemos, porém, com a desumana exegese bíblica de Bolsonaro, mas sim com a incapacidade – e, em muitos casos, a cumplicidade de quem vibra com estes absurdos.
Onde estão os pastores e bispos, católicos ou evangélicos, para protestar por esta apropriação da figura de Cristo para louvar a morte?
Ou para dizer que Cristo faria isso ou aquilo é uma mistificação de falsos profetas? Mateus 24:23: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito”.
Será que os templos religiosos vão acabar se tornando clubes de tiros e a cruz apenas o centro de um alvo?