A ligação entre os juros norte-americanos, fixados pelo Federal Reserve com os juros brasileiros não é apenas pela necessidade de oferecermos aqui um “prêmio” aos investidores estrangeiros, mas este é um traço essencial da dependência de nossa política monetária.
E a inflação de 7,5% nos EUA, maior em 40 anos, segundo os analistas econômicos de lá, deve fazer com que o Fed, pela primeira vez em 22 anos, eleve as taxas atuais, de 0,25%, em 0,5% num único movimento, rompendo a tradição de não fazer altas neste patamar em duas décadas.
Até porque o BC deles está sendo duramente criticado por não ter começado antes uma política contracionista, subindo as taxas.
Aqui, isso vai representar elevações nos juros que vão, além de crescer, estender por mais tempo a trajetória de alta. 13% ao final de 2022 já não são uma projeção extravagante, como não são os seus efeitos nefastos sobre a atividade econômica aqui, já minguada – e, pior – minguante.
O fôlego tomado com o desempenho positivo do último bimestre de 2021, parece ter se esvaído e, somados a isto, os juros mais altos criam um quadro de desestímulo ao investimento.
A expansão econômica, farta em 2021, gerava superavits que compensaram o desequilíbrio fiscal do país, mas não se poderá contar com isto em 2022. O outro lado da balança fiscal, porém, vai pesar: já se viu que gastos públicos ( e não os investimentos) vão subir ao sabor das eleições.
O cenário econômico é muito mais sombrio do que fazem supor o nem tão grande alívio inflacionário de janeiro e a queda do dólar verificada até aqui.