O ministro Luiz Edson Fachin , presidente do TSE, disse hoje que “a Justiça Eleitoral está sob ataque, a democracia está ameaçada [e] a sociedade constitucional está em alerta”.
Bem, esta situação é tão óbvia que o porteiro do prédio onde moro, dias atrás, chamou-me ao canto para dizer quase o mesmo, em prudente voz baixa, para evitar ser ouvido por algum bolsonarista do prédio.
Mas o porquê de chegarmos a este ponto é o primeiro passo para entendermos como sair dele.
Há quase dois anos, em junho de 2020, incitados pelo discurso do bolsonarismo, dezenas de sujeitos dispararam morteiros junino contra o prédio do Supremo.
Um mês antes, o próprio Jair Bolsonaro, num comício em frente ao Quartel General do Exército, já tinha mandado recados ao STF de que “nós não queremos negociações”.
Em setembro passado, foi a vez do famoso “acabou, porra”, de chamar Alexandre de Moraes de “canalha” e de ameaçar um golpe se não houvesse voto impresso.
Em fevereiro, disse, falando dos ministros do Supremo que comportavam-se como “adolescentes” e tinham partido, queriam “torna-lo inelegível, na base da canetada” e “eleger o seu candidato, que é o Lula”.
Tem muito mais coisa e liste só com o que veio à memória, mas certamente há o triplo.
E a Justiça, o que fez, além de distribuir algumas tornozeleiras e desmonetizar os canais da arraia miúda dos fanáticos? Nem ao nível dos Queiroz os nossos tribunais chegaram e o rachadista está aí, posando de candidato a deputado.
Só foi ágil para proibir uma cantora de levantar um retrato de Lula e, agora mesmo, está desafiado por uma decisão de um procurador da equipe de Augusto Aras de considerar fakenews, mas não crime espalhar uma montagem, escandalosamente falsa, em que Lula estaria invocando o demônio.
Certamente não é rara a citação do dito espanhol e melhor assim, que os ministros a conhecem: cría curervos que te sacarán los ojos.
Bolsonaro destrói todos os que os aninham e não cederá a qualquer diálogo, nem mesmo aqueles afiançados pela voz melíflua dos Temer da vida.