Khair: BC é cúmplice do ataque do mercado ao Governo

Depois do artigo que a gente republicou ontem, onde o jornalista Carlos Marques levanta a tese de que o presidente do Banco Central estar jogando contra o Governo, elevando os juros sem uma razão sólida que o justifique, outra voz importante se ergue contra a atuação de Alexandre Tombini sobre a autoridade monetária brasileira.

O professor Amir Khair, um respeitável economista, diz no artigo que publica hoje no Estadão que ” o BC responsabiliza o governo por parte da inflação. E o governo, tensionado pelo mercado financeiro e pelo BC, acabou cedendo e prometeu na segunda-feira uma economia de despesas de custeio de R$ 10 bilhões (para fazer superávit primário, o que paga a conta dos juros), além da anterior que já tinha sido feita, de R$ 28 bilhões”.

Khair diz que o BC “esquece” que suas próprias decisões de aumentar juros estão criando uma despesa financeira extra que pode – dependendo de prosseguir, como espera o mercado, a alta da Selic – chegar a R$ 52 bilhões em todo o ano.

R$ 52 bilhões é a metade de todo o superávit primário previsto no início do ano pelo Orçamento público brasileiro.

Mas isso não se justificaria pela necessidade de elevar os juros para conter a inflação?

Kair mostra com números que, se não fosse a elevação atípica do preço dos alimentos – um setor da economia pouco ou nada sensível à elevação da taxa de juros – a inflação brasileira nos últimos 12 meses -atenção –   teria ficado abaixo do centro da meta de 4,5%, mais precisamente em 3,5%! E a meta, como se sabe, é estabelecida pelo próprio Banco Central.

Ainda assim, com a redução dos preços dos alimentos que já ocorre há dois meses e vai prosseguir, gerando taxas baixas de inflação ou até alguma deflação e terminará o ano mais perto do centro da meta do que do teto, mesmo com a elevação do câmbio, que segue artificialmente baixo, levando a enormes perdas em nossas contas externas.

Amir Khair diz que, graças a essa elevação insólita dos juros ” o mercado financeiro, que antes criticava o BC, passou a elogiá-lo, argumentando que ele passou a “ancorar as expectativas” dos agentes econômicos”.

É assim que funciona a tal “independência”, ainda que informal, do Banco Central: bonzinho com o mercado sedento de dinheiro, perverso com o Estado, com as pessoas e com o desenvolvimento do país.

 

 

 

 

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