Começou no show do Powerpoint dos rapazes de Curitiba, mas Moro bancou e aceitou a denúncia, certamente contrafeito de não ter como agregar a ela uma prisão preventiva ou temporária.
Mas a invasão do hospital, hoje, não deu para segurar.
E Moro teve de sair correndo atrás de reparar o estrago com a revogação da ordem de prisão, com um despacho de “cabo de esquadra” dizendo que, certamente, as autoridades do MP e da PF “não sabiam” da situação.
Será que foram ao Hospital Sírio-Libanês achando que a mulher de Guido Mantega estava fazendo as unhas do pé?
Será que não tinha delegado numa operação desta monta?
Será que o delegado não tinha o telefone do outro delegado e este o dos promotores e estes os do Dr. Moro?
– Chefe, ele foi com a mulher no hospital, ela vai operar um câncer, o que eu faço, meto bronca lá no hospital mesmo?
Afinal de contas era a prisão de um ex-ministro da Fazenda, o que, pela repercussão, não acontece toda hora…
Pior, já havia sido determinada há mais de um mês, como o Tijolaço mostrou hoje. Será que o juiz, os promotores e os delegados não estavam lembrados mais?
E se Mantega era tão perigoso – seja por risco de fuga, seja por destruição de provas – não estava sendo monitorado?
E se é tão perigoso, porque revogar uma ordem de prisão por motivos piedosos?
Poderia até deixar que ficasse no hospital, discretamente escoltado, fosse o caso de valerem os “sentimentos cristãos” da turma curitibana.
Na verdade, na Lava jato pouco importam a consistência ou inconsistência das acusações e das provas.
Como em todo espetáculo, o enredo constrói sua própria verossimilhança.
O único problema é que ele se torne tão absurdo que se revele como encenação.