Se Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker de Araraquara”, estiver sendo verdadeiro – e os indícios são fortíssimos de que está – a gente começa a compreender melhor o clima de guerra já nem tão velada dentro do Supremo Tribunal Federal. Ontem, ao programa CNN Séries Originais, ele disse que a Lava Jato e Deltan Dallagnol “queriam prender [os ministros] Gilmar Mendes e Dias Toffoli”.
“Eles queriam. Eu não acho, eles queriam. Inclusive Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Eles tentavam de tudo pra conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queria que a OAS delatasse o Toffoli, eles quebraram o sigilo do Gilmar Mendes na Suíça, do cartão de crédito, da conta bancária dele, eles odiavam o Gilmar Mendes, falavam mal do Gilmar Mendes o tempo todo.”
Nem percamos tempo na discussão bizantina sobre se a palavra de quem cometeu crimes merece crédito, porque se não merecesse, nem teria havido a Operação Lava Jato, desde o início montada sobre a palavra de criminosos e, pior do que Delgatti, criminosos que tinham feito acordos para serem, praticamente, perdoados por seus crimes.
Há um fato objetivo: o conteúdo das interceptação feitas por Delgatti está no STF. Em segredo de Justiça, mas está. E, sendo assim, é irrelevante se o hacker mente ou não: está nos registros apreendidos.
E, portanto, Gilmar e Toffoli sabem o que Deltan fez.
E certamente com a anuência de seu chefe, hoje em desgraça.