Licitações de R$ 1 bi fraudadas. O escândalo do dia de Bolsonaro

O colunista Josias de Souza, insuspeito de “lulismo”, batizou de “emendão” o escândalo das licitações dirigidas da Codevasf – braço executor das emendas do chamado “Orçamento Secreto” – mas, apesar de bom, o nome não descreve o esquema “terrivelmente corrupto” que muito provavelmente, além das obras (a maioria de má qualidade e que se desfazem a olhos vistos) eleitoreiras, tem sinais de ter irrigado as campanhas do Centrão de Arthur Lira.

É mais grave ainda, porque revelou-se que o Tribunal de Contas da União apontou e comprovou um esquema de disputa entre empresas “de fachada” que teria provocado um superfaturamento de perto de R$ 200 milhões (pela não obtenção de descontos entre os preços máximos fixados pela própria Codevasf) e deu a extensão do esquema, como relata a Folha:

Segundo o relatório, 27 empresas participaram dessas licitações “apenas a cobrir a participação dessa empresa líder [Engefort], compondo o número de participantes dos certames a fim de dar aparência de concorrência”, enquanto outras sete firmas entraram nas disputas “em troca de garantir a vitória em algumas poucas oportunidades”.

Só que o relatório caiu nas mãos de Jorge Oliveira, íntimo de Bolsonaro, que autorizou a manutenção dos contratos, mesmo tendo de reconhecer que havia neles “elaboração de propostas fictícias, a supressão de propostas e a combinação de rodízio entre as empresas”, tudo com “indícios da existência de conluio” para favorecer a Engefort, empresa que “venceu” 53 das 99 “concorrências” abertas pela Codevasf em 2021 para obras de pavimentação de vias, segundo levantamento da Folha, com valores quase o dobro maiores que os de licitações semelhantes.

A situação, revelada em maio, já havia levado à anulação de R$ 200 milhões em contratos, “amigavelmente”. Mas isso não é nem 20% do total das obras que foram adjudicadas à Engefort.

Terrivelmente tolerante, porém, Jorge Oliveira deu sinal verde para a continuação da farra.

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