Ao menos até agora, não se tem notícias que tenha funcionado o apelo ao motim na Polícia Militar da Bahia, por conta da morte do soldado Wesley Soares Goes, que foi atingido depois de disparar contra seus colegas que tentavam retirá-lo do surto psicótico que o levou a disparar tiros de fuzil nas imediações do Farol da Barra, em Salvador.
Alucinado ou não, disparar um fuzil e uma pistola a esmo é um ato terrorista e, se não fosse um PM que o fizesse, policiais estariam agora se pavoneando de uma “ação pronta e eficaz” e ninguém acha que se chegaria ao ponto sequer de apontar uma arma contra a guarnição, muito menos dispará-la a queima-roupa sobre a Polícia.
As imagens do vídeo ao final do post, da TV Aratu, são bem claras a mostrar que Wesley, depois de quase quatro horas de abordagem por seus colegas policiais, disparou contra eles com um fuzil. Os policiais afirmam que ele, mesmo atingido, continuou atirando e que isso explicaria a quantidade de disparos a seguir. O mesmo dizem os oficiais que estavam ali e parece ser assim até porque os policiais sabiam ser um colega de farda.
A loucura de Wesley, porém, é menor que a loucura da máquina de ódio que se serviu disso.
É inimaginável acreditar que os fatos não se conectam: a exploração da morte do “homem de bem que só quer deixar o povo trabalhar”, a acusação de Ernesto Araújo a uma suposta “corrupção chinesa” do Senado e o convocação de Jair Bolsonaro, nas redes sociais, para que o povo faça “um dia de jejum e oração pelo bem e pela liberdade de nossa nação”.
Teremos, esta semana, uma contra-ofensiva bolsonariana, depois da semana em que teve de recuar às cordas, pressionado pelo Centrão e pelas 300 mil mortes da pandemia.