Dizem que a galinha d’angola pia de um lado e bota os ovos de outro.
Na política, sobram as galinhas d’angola e o PSD de Gilberto Kassab é o que mais parece, neste momento, fazer este papel.
Tem um “candidato” a presidente, oficialmente. Mas só quem diz acreditar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco é candidato é o próprio Kassab, presidente do PSD. Afinal, oscilando entre zero e 1% e carregando, com obstinação, o papel de carimbador das decisões de Arthur Lira, presidente da Câmara, Pacheco desenha o perfil inverso ao de alguém que pretenda ganhar eleição e, menos ainda, como candidato de oposição.
Pacheco tenta parecer Juscelino Kubitschek, mas está, neste processo eleitoral, a cara de outro mineiro do PSD, Cristiano Machado que foi atropelado, inclusive em seu partido, pela avalanche da reeleição de Getúlio Vargas, cuja similaridade aos dias de hoje dispensa ser mencionada.
O mais provável, malgrado as declarações do ex-prefeito paulistano de que Pacheco será candidato até o fim, é que Pacheco deixe a candidatura imaginária ao fim do prazo das definições partidárias, ou pouco antes.
E o movimento desta peça no xadrez eleitoral está casado com outro, este apresentado de forma mais iminente, com uma pressa com que não creio vá se concretizar : a definição de Geraldo Alckmin como candidato a vice-presidente.
No PSD ou, se não houver outro jeito, fora dele, Alckmin pode ser o penhor da participação do centro num futuro governo e carta de habilitação ao que Pacheco verdadeiramente quer: a sua própria continuidade como presidente do Senado, o que dificilmente ocorreria com a votação pífia que as pesquisas lhe indicam.
A Kassab, interessa a candidatura fake de Pacheco para manter unido o “saco de gatos” que fez crescer o partido que criou que abriga de Ratinho Jr. a Omar Aziz, do deputado bolsonarista Eder Mauro ao senador Otto Alencar, aliadíssimo do PT. O macarrão sem sal e sem molho de Rodrigo Pacheco o ajuda neste processo.
E, ao contrário, a candidatura Pacheco com um resultado patético e que prejudique a formação de bancada, atrapalharia o seu plano de colheita de novos deputados e senadores órfãos do inevitável desaparecimento político de Jair Bolsonaro e Moro, uma vez derrotados na eleição presidencial, pela incapacidade notória de ambos de serem agregadores políticos fora do poder.
A métrica para essa definição será a possibilidade de que Lula se eleja no primeiro turno. Confirmada, a política de alianças terá, obrigatoriamente, uma antecipação, porque não haverá segundo turno a servir de moeda de troca.
Portanto, não esperem desfecho rápido e sem surpresas nestas articulações. Ela são alegorias e adereços do enredo com que a História desfila. São acessórios do enredo, mas brilham e fazem diferença, para o bem e para o mal.
Ficam, em geral, atrás das portas do barracões, e podem sofrem modificações de última hora,
Só não podem, emperradas ou trambolhosas, fazer atravessar o samba.
Que, neste ano, será tocado após o Carnaval.