Lula diz que Bolsonaro não conseguirá dar golpe; não que deixará de tentar

 

Terreno minado para um candidato, o risco de um golpe (ou de uma tentativa) foi tratado com muita clareza por Lula, em sua entrevista ao UOL, ainda que com uma correta prudência.

Sem negar o óbvio – a anunciadíssima disposição de Jair Bolsonaro em tentar usar as Forças Armadas para “melar” as eleições – o ex-presidente disse o que o Brasil espera das Forças Armadas: que honrem o seu comportamento desde a redemocratização e se recusem a ser ferramentas de uma aventura autoritária, como pretende o atual presidente:

“Acho que ele vai tentar fazer o que quer fazer. [Mas] a gente deve ter em conta que militares são mais responsáveis que Bolsonaro”.

São, ao que tudo indica, como instituição, embora esteja evidente que uma parcela não vem sendo. Algo que Lula não pode dizer, porque também sabemos que eles reagem corporativamente a qualquer crítica, ainda que justa a algum integrante de seu alto oficialato.

Com habilidade, fez os elogios que entendia merecidos – “não tenho queixa do comportamento das Forças Armadas, eles nunca me criaram um único problema, me ajudaram no que era possível ajudar” e concentrou-se no promotor de ideias golpistas, Bolsonaro:

Essas bobagens que Bolsonaro fala não têm apoio dos militares da ativa, do alto comando. Ele só pode ser considerado chefe supremo quando é sério, fala coisa com coisa e respeita instituições. Ele fala ‘meu Exército’, mas não é dele. Ele foi expulso do Exército por má conduta. Então como a gente pode pensar em golpe? Não acredito em golpe, não acredito que as Forças Armadas pensem nisso. Se ele começar a brincar com democracia, ele vai pagar caro.”

E tocou no ponto que mais preocupa os militares, hoje: a promiscuidade que o atual presidente quer criar entre o seu comício golpista e o desfile militar do Sete de Setembro:

O presidente que aí está, se tivesse bom senso e inteligência, estaria promovendo em 22 [o 7] de setembro [como] uma grande festa cívica de 200 anos de Independência.(…) Não, ele quer transformar os 200 anos em marco dele, fazer motociata, quem sabe com estátua de Tiradentes, ele quer brincar com data nobre, ele não vai ter sucesso. O povo sabe que Independência não é dele, é uma conquista da sociedade brasileira. É coisa séria.”

Assista ao trecho da entrevista:

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