Divulgados agora cedo, os dados sobre rejeição da última rodada da pesquisa PoderData mostram que, ao contrário do que parte da imprensa sugeriu, não há evidências de que possa estar havendo alguma erosão da candidatura do ex-presidente Lula, porque, como tenho insistido, a polarização faz com que essa eleição presidencial seja, antes de tudo, uma batalha de rejeições, seja a ele seja a Jair Bolsonaro.
Lula teve 38% de declarações de que “não votaria de jeito nenhum” nele, seis pontos a menos (muito fora da margem de erro) do que o registrado há um mês atrás. Bolsonaro ficou nos mesmos 51% da pesquisa anterior, número que está em linha com o dos que consideram “ruim ou péssimo” o seu governo, 53%.
Nas respostas “é o único em quem votaria” e “poderia votar”, Lula soma 59% (44 e 15%, respectivamente), contra 45% de Bolsonaro (32 e 13%, em cada opção). Os quesitos “poderia votar” e “não votaria”, que aceitam várias respostas, explica o total maior que 100%.
A soma das decisões de voto cristalizadas na expressão “é o único em quem votaria” nos dois principais candidatos, que vai a 76%, considerada uma parcela de outros 10% que não votam válido (nulo, branco ou abstenção eleitoral real, não a “de cartório”, que tem muitas distorções) deixa algo em torno de 14% apenas dos votos flutuando e, pelo grau das rejeições, mais propícios escolher Lula que Bolsonaro.
Os números também ajudam a entender porque a estratégia do atual presidente é apostar na radicalização, no fanatismo e no medo. Ele quer e precisa consolidar sua base fiel, sem a qual não terá um ponto de partida para atrair os que, mesmo dizendo rejeitá-lo, possam recusar a escolha de Lula. Ou não foi assim com parte dos “moristas”?
A Lula, é preciso calma e prudência, para não se deixar alvejar pelo fogo da hipocrisia. Com o perdão pelo cacófato, é só a uma fé disforme o que tem Bolsonaro a agarrar-se, como se Deus fosse seu cabo eleitoral.