Os jornais, com enorme mau humor, noticiam a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas.
“Não valeu”, dizem, porque a abstenção foi de 53%, pois o voto não é obrigatório.
E que em outros pleitos a abstenção ficava na faixa de 25%, o que é verdade.
Basta uma conta simples para ver que isso tem uma razão: o fato de que os partidos de direita (o MUD, Mesa de Unidad Democratica é a coligação que os representa) pregaram a abstenção eleitoral, não participando da camapnha dos adversários de Maduro.
Logo, boa parte destes 30% a mais de ausência eleitoral são “não- votos” de oposição.
Ninguém sugere que o atual presidente venezuelano tenha os mais de dois terços de apoio que teve entre os votantes.
Em julho do ano passado, num referendo convocado pela oposição antichavista e boicotado pelo Governo – situação exatamente ao inverso da eleição de ontem – os jornais saudaram o comparecimento de 7,2 milhões de eleitores como uma “participação em massa”.
Ontem, o comparecimento de perto de 9 milhões de eleitores – dos quais Maturo teve mais de 5,8 milhões de votos, ou 67%) – é tratado como se fosse um fracasso, com uma ausência da maioria.
Repare que, dependendo das preferências políticas, 7,2 milhões de pessoas são “em massa”, mas 9 milhões são “uma eleição deserta”.
Nas eleições passadas nos EUA, o comparecimento foi de 46,6%. Na França, abaixo de 50%. Na média dos Estados Unidos, Canadá e Eupropa Ocidental, anda pelos 60%, segundo dados do International Institute for Democracy and Electoral Assistance, citados pelo Nexo Jornal.
Não é uma questão aritmética, portanto, legitimar ou deslegitimar as eleições venezuelanas. Elas e seu resultado são, sim, um fato político.
A Venezuela é o triste retrato do que se passa em um país partido ao meio, sabotado, desestabilizado e onde se recusa o diálogo entre as forças políticas.
O Jornal Nacional, no sábado, argumentou que “com líderes de oposição presos e candidaturas cassadas, fica difícil confiar nas urnas”.
É verdade, embora este mesmo conceito pudesse ser aplicado aqui, com sinais trocados, não é?
E nenhum órgão de imprensa diz que é ilegítimo termos um governo com menos de 5% de respaldo popular, embora tenham sustentado todo o tempo que pouco importavam as esquecidas pedaladas, a derrubada do governo de Dilma se justificasse por ter apenas 10% de popularidade.
O fato político concreto é que Nicolás Maduro, nas piores condições possíveis, agrega a vontade de seis milhões de eleitores venezuelanos. É provável que a oposição ande por aí ou até pouco mais, embora não consiga reunir-se em torno de uma liderança e dela disse a insuspeita BBC: ” Antes y durante la campaña se ha mostrado nuevamente dividida y sin líder”.
É preciso um governo de diálogo naquele país e, reconheça-se, foi este o primeiro apelo de Maduro após as urnas.
Mas Estados Unidos, parte da Europa e a leva de governos conservadores da América Latina seguem apostando na divisão e na demolição da Venezuela.
Não há vitória possível sobre os emcombros de um país. Para ninguém.
27 respostas
O que o império não aceita é a autodeterminação dos povos (exceto aquela determinação que sua propaganda dissemina entre alguns do povo). Quem tem que apoiar ou deixar de apoiar as medidas locais é a população.
Tacla Duran e Figueiredo Basto
Conveniente tráfico e concerto de delações!
Sob o beneplácito do Partido do MP e do Código Penal de Curitiba.
O império sedento e sanguinário do ttio sam levando mais uma cacetada.Sedento de petróleo para alimentar o padrão de vida de seus obesos habitantes (não é preconceito é constatação) e sanguinário ao ponto de não se importar com quantos venezuelanos devam morrer por isso .
Estamos a caminho de mais um més de absoluta alienação com a copa,deveremos estar atentos,MUITA COISA ELES NOS ROUBARAM NESSES DIAS.
Os caminhoneiros golpistas (foram os primeiros a falar em impeachment da Dilma,lembram?) parece que só agora sentiram o GOLPE no seus rabos.A JUSTIÇA TARDA , MAIS CHEGA,e quando se percebe que fomos enganados o desespero é muito pior.
Fodam-se seus filhas da puta !!!!
O pior é que nesse golpe, sofrem Gregos & Troianos e a Democracia desce de ladeira abaixo, com os aplausos dos conspiradores, que pra eles, quanto pior melhor! Fodam-se fascistas de merda.
Meu caro,a mudança só será possível com mobilização.Se essa “esquerda” que nós temos não consegue organizar nem um festival com músicos para protestar ,COISA QUE OS ARGENTINOS SIM O FIZERAM !!!!! então teremos que contar com os arrependidos.
Estes que não tem capacidade para aprender pelo raciocínio ,o estão fazendo pelo seu reto ,e ele está doendo .
É com esses que sairemos às ruas a derrubar esse lixo do planalto ,lamentavelmente ,já que os nossos políticos não conseguem nem arregimentar nem os caras do prédio.
A América Latina está a passar por uma triste história. O capital mostra as suas garras: elas são bem afiadas, rasgam e provocam muita dor.
Enquanto o Tio Sam, mandar e desmandar no mundo, querer extorquir as riquezas culturais, minerais de um povo, não haverá paz. Enquanto a nação ianque não respeitar as diferentes nações, a paz será migalhas, pois a paz americana é a pax jaz.
Eles que aguardem a abstenção aqui este ano. Sem Lula, mesmo sendo obrigatório o voto, muita gente vai ficar em casa. Votar pra quê? Legitimar o golpe?
Essa imprensa golpista não fala nada da eleição do prefeito fake de São Paulo, aquele que não é politico é ” gestor ” , aqui o índice de votos bancos, nulos e abstenções fora de 38,84%, então o “prefake” joão doria, assim mesmo em letras minusculas, não teve um eleição válida.
BANCOS – Vão cobrar do juizeco e da Lava Jato
Se a Odebrecht der calote de 47bi, reclamem com o juizeco e a Leva Jato!!!
Se um neoliberal for eleito de novo, essa conta será paga novamente por nós cidadãos.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/05/bancos-esperam-receber-da-odebrecht-r-47-bi-em-dividas.shtml
“(…) Jornal Nacional, no sábado, argumentou que “com líderes de oposição presos e candidaturas cassadas, fica difícil confiar nas urnas”.
É verdade, embora este mesmo conceito pudesse ser aplicado aqui, com sinais trocados, não é?(…)”
Touché, strike, gol, xeque-mate, Brito!
A Venezuela manteve suas riquezas em suas mãos, escombro de país é o Brasil onde uma gangue aliada ao judiciário e a mafia financeira internacional assaltaram esse país. A mídia nacional não possui jornais nem TV ,o que existe são panfletos publicitários do mercado financeiro.
Os EUA são gafanhotos espalhando seu rastro de destruição…e os coxas daqui…aplaudem
O próximo passo, a médio prazo, será fomentar uma guerra entre países da América do Sul, e o Brasil com certeza estará nela.
Não há estabilidade e paz em lugar NENHUM do mundo, por causa do país que foi sugestivamente nomeado pelo aiatolá Khomeini de “o grande Satã” – os EUA.
Só na força.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – O INIMIGO NÚMERO UM DO BRASIL E DAS DEMOCRACIAS SUL-AMERICANAS!
Isso é papo furado. Os escombros de um país são muito mais valiosos para um povo se, mesmo em escombros, esse país lhe pertencer. Muito melhor do que o esplendor deste mesmo país se ele não pertencer ao seu povo e servir para sua opressão e exploração.
Novilingua total. Para a Folha, o “ditador” Maduro foi eleito mas isso não vale, porque não agrada aos Estados Unidos nem à turma de estadunidenses que tiveram a má sorte de nascer na Venezuela.
Piada pronta. O partido de direita a sigla é MUD. MUD traduzindo do inglês para o português é LAMA. Eles que tanto lambem as botas do tio SAM só poderiam estar chafurdando na lama mesmo.
Excelente, Brito!
e o povo venezuelano não se curva… já os “nacionalistas” brasileiros dão de mão beijada nosso país…
Abstenção alta não vale na Venezuela, mas nos EUA valem.
Os mesmos EUA, em que Trump não foi a maioria absoluta dos votos por causa do sistema eleitoral.
Regra é regra e, essa, é a do povo de lá. Pelo menos por enquanto, salvaram as riquezas do seu país e de seu povo, e nós aqui, como nação? o que podemos sugerir de exemplo de cidadania ao povo venezuelano? O nosso voto é obrigatório, no entanto, temos consciência cidadã e, sabemos de fato votar? Temos atitude consciente de nossa responsabilidade, com a nacionalidade e soberania de nossa pátria quando votamos?
O que, de fato conhecemos e exigimos de nossos representantes e fiscais constitucionais, na fiscalização efetiva e proativa das Políticas Públicas executadas pelos Poderes Executivos, com foco na conformidade racional e ética, da boa aplicação dos recursos públicos em benefício do povo? Cobramos dessas autoridades atenção na conformidade e na qualidade técnica dos projetos e dos materiais das obras públicas executadas e/ou em execução? Estamos atentos à boa funcionalidade e efetiva qualidade das instalações públicas e dos serviços públicos prestados à população? etc? Conhecemos e/ou consultamos, para aprimorar nossos conhecimentos em cidadania e de nossos direitos e responsabilidades, como cidadãos, as Constituições Federal e Estadual e, a Lei Orgânica de nosso município?
Pois bem, façamos primeiro, nossa obrigação como cidadãos, estudemos a história da Venezuela e de seu povo, bem como a embargos e pressões políticas anteriores e atuais que, o país e o povo sofre, para se submeter aos interesses externos do neoimperialismo e do mercado, para a partir daí, conhecermos as causas verdadeiras de suas dificuldades e sofrimentos do povo. Todos os povos e nações, Têm autodeterminação e soberania para livremente, escolherem como querem viver, ou não?
Parabéns, a coragem, à consciência cidadã e à soberania do povo venezuelano.
“” NA VENEZUELA, NESTE DOMINGO DE GLORIA PARA NICOLAS MADURO, A EUROPA E A ASIA, PARABENIZA E RECONHECE A ELEICAO VENEZUELANA.
NO BRASIL, OS MANIPULADORES CELEBRAM A ESTUPIDEZ HUMANA, DE UM BANDO DE IDIOTAS CAINDO NA LABIA, DE UMA MIDIA GOLPISTA E FASCISTA, COM OS SEUS, FAKE NEWES.
ACORDA IDIOTAS, AMANHA, SERA VOCES PEDINDO AJUDA AOS VENEZUELANOS!
PARA O TIO SAM, COM CERTEZA, SAMOS UMA RACA INFERIOR. “”
NAO E O SUFICIENTE APENAS ENFRENTAR OS FASCISTAS E GOLPISTAS.
VAMOS ACABAR COM ELES!
O ESPIRITO QUE LEVAMOS A BATALHA E QUE DECIDE O RESULTADO. E A MORAL QUE TRAZ A VITORIA.
ESSA LUTA E NOSSA E DE TODOS.
LULA LIVRE!
LULA PRESIDENTE!
Cabe um pergunta . Por que as oposições venezuelana não participaram dessas eleições? Por que não tinham certeza da vitória? O atual prefeito de Salvador ACM Neto também decidiu que não concorrer ao governo do Estado pelo mesmo motivo. Com medo de perder para o atual governador , Rui Costa. No caso da Venezuela os opositores de Nicolas Madura tentam agora tramar a tomada do poder a força através de um golpe de Estado com ajuda dos EUA, ou até mesmo uma intervenção do próprio . Como se vê estamos cercados de golpistas por toda parte.
Bem interessante para entender o contexto o artigo publicado a seguir no site Outras Palavras :
https://outraspalavras.net/mundo/america-latina/venezuela-eleicoes-e-sabotagem/
Em meio à crise, oposição poderia até ganhar a Presidência neste domingo. Mas o plano dos EUA, e de seus aliados locais, pode ser inviabilizar o país — onde estão as maiores reservas de petróleo do planeta
Por Alexander Main, em Nacla | Tradução: Inês Castilho
Costumava ser censurável apelar abertamente para golpes militares e intervenção dos EUA na América Latina. Não mais. Ao menos quando se trata da Venezuela, um país onde – de acordo com a narrativa dominante na mídia – um ditador brutal está deixando a população faminta e aniquilando qualquer oposição.
Em agosto passado, o president Trump casualmente mencionou uma “opção militar” para a Venezuela em seu campo de golfe em Nova Jersey, provocando um alvoroço na América Latina, mas nem um pio em Washington. Paralelamente, Rex Tillerson, então Secretário de Estado, manifestou-se favoravelmente a uma possível deposição militar do presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Recentemente, artigos de opinião sugerindo que um golpe um uma intervenção militar estrangeira na Venezuela pode ser uma boa coisa pontilharam o terreno da mídia: do Washington Post ao Project Syndicate ao The New York Times. Ocasionalmente um especialista argumenta que um golpe de Estado poderia ter consequências indesejáveis, por exemplo se o regime do golpe decidisse aprofundar as relações com Rússia e China.
Raramente alguém aponta que esse debate é insano, em especial com relação a um país onde as eleições ocorrem frequentemente e são, com poucas exceções, consideradas competitivas e transparentes. No domingo, 20 de maio, Maduro será candidato à reeleição. Pesquisas sugerem que, se o comparecimento for alto, ele poderá ser retirado do posto.
O fato de que golpe, não eleições, são o tema quente é um triste reflexo do rumo distorcido que a discussão mainstream sobre a Venezuela tomou. Durante vários anos, a maior parte das análises e reportagens sobre a nação, rica em petróleo mas conturbada economicamente, tem apresentado uma representação em preto e branco, sensacionalista, de uma situação interna complexa e cheia de nuances. Além disso, tem havido pouca discussão séria sobre as políticas dos governo Trump em relação à Venezuela, mesmo quando estas causam mais danos à economia do país, agravando a carência de alimentos e remédios que salvam vidas, e minando a paz e a democracia.
TEXTO-MEIO
Lados radicalizados
Não nos esqueçamos, Maduro – frequentemente descrito por especialistas e políticos dos EUA como um ditador – foi eleito democraticamente em eleições relâmpago realizadas um mês após a morte de seu predecessor, Hugo Chávez, no início de 2013. Como o período presidencial na Venezuela é de seis anos, seu mandato constitucional atual terminará no início de 2019.
Desde o início, alguns setores da oposição venezuelana rejeitaram a legitimidade de Maduro e exigiram sua saída imediata do governo. Em 2014 e novamente em 2017, endossaram movimentos de protesto explicitamente voltados a gerar grandes tumultos em áreas urbanas chave, para tentar forçar a queda do governo — por exemplo, exacerbando a pressão popular ou pela intervenção militar interna ou externa.
Embora muitos desses protestos fossem pacíficos, alguns tornaram-se violentos e resultaram em dezenas de mortes, algumas atribuíveis a forças de segurança do Estado e outras a membros do movimento de protesto, de acordo com relatórios confiáveis e provas documentais. Centenas de manifestantes foram detidos e algumas figuras da oposição, incluindo o ex-prefeito de Chacao, Leopoldo López, foram condenados à prisão por supostamente incitar á violência. López atualmente está em prisão domiciliar, depois de cumprir três anos de pena.
Apoiadores da oposição acreditam que os direitos processuais de López e outros envolvidos com os protestos foram violados, e certamente há motivos para esse argumento. Entretanto, alguns adeptos do governo acreditam que esses indivíduos mereceram penas mais pesadas pela tentativa de usurpar o poder popular por meio da desestabilização e da violência, de uma forma que lembra a preparação para o golpe militar de curta duração em 2002 contra Chávez — em que López e outros líderes da oposição estavam envolvidos.
No final de 2015, a oposição da Venezuela conquistou uma grande maioria de cadeiras nas eleições para a Assembleia Nacional. Mas o Executivo e Legislativo do país ficaram logo em desacordo sobre supostos casos de fraude eleitoral que levaram a Suprema Corte da Venezuela, um órgão amplamente visto como leal ao governo, a desqualificar três legisladores da oposição. A remoção desses legisladores significou a perda da maioria de dois terços da aliança de oposição, que lhe dava amplos poderes para intervir no nível executivo.
A oposição gritou e recusou-se a cumprir a decisão do tribunal. Em resposta, a corte recusou-se a reconhecer a legitimidade do parlamento. As instituições da Venezuela deixaram de interagir de acordo com o manual constitucional e os dois lados adotaram táticas cada vez mais radicais para tentar obter superioridade.
Líderes da oposição apoiaram uma nova série de protestos, que foram ficando cada vez mais violentos, paralisando vias públicas em Caracas e outras cidades durante vários dias, a cada vez. Grupos de manifestantes confrontaram-se frequentemente com as forças de segurança e dezenas de pessoas foram mortas, incluindo manifestantes, agentes de segurança do Estado e transeuntes.
O governo Maduro respondeu ao crescente caos nas ruas chamando eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte que iria desenhar uma nova Constituição e, de acordo com Maduro, trazer “ordem, justiça, paz” à Venezuela.
A oposição, denunciando a iniciativa como uma manobra destinada a mudar a Assembleia Nacional, boicotou as eleições. Desse modo, o novo órgão é quase inteiramente pró-governo e os EUA e governos aliados recusam-se a reconhecê-lo. Em seguida às eleições para a Assembleia Constituinte, o movimento de protesto desentendeu-se e a oposição tornou-se mais dividida, com radicais chamando outro boicote eleições seguintes, regionais e municipais. Como resultado desse e de outros fatores, os eleitores da oposição fracassaram na mobilização e o governo venceu a maioria das disputas, tanto regionais quanto municipais, no final de 2017.
A economia
O pano de fundo da prolongada crise política da Venezuela foi, é claro, o atoleiro econômico do país, que se agrava cada vez mais. Embora a queda dos preços do petróleo tenha certamente desempenhado um papel, Maduro sem dúvida tem parte da responsabilidade pela profunda depressão e hiperinflação que levou centenas de milhares de venezuelanos a emigrar e causaram sua queda nas pesquisas.
Enquanto muitos ideólogos culpam o “socialismo” pelos problemas econômicos do país, a maioria dos economistas aponta uma série de erros políticos que têm pouco ou nada a ver com socialismo. Mais devastador tem sido o disfuncional sistema de taxa de câmbio, que levou a uma espiral de “inflação-depreciação” cada vez pior no decorrer dos últimos quatro anos, e agora à hiperinflação. A gasolina quase gratuita e um controle de preços que não funcionou também contribuíram para a crise. As sanções financeiras do governo Trump – mais do que todos os esforços de desestabilização anteriores, que foram significativos – tornaram praticamente impossível para o governo sair da confusão sem ajuda externa.
Como se essa situação profundamente agônica não fosse suficiente, a mídia publicou com frequência relatos exagerados sobre as condições na Venezuela, apontando por exemplo fome generalizada. Para ser claro, a escalada de preço dos alimentos aumentou a subnutrição no país, mas isso é bem distante de uma fome em larga escala.
Mais importante, tem havido escassas reportagens na mídia dos EUA sobre os danos econômicos adicionais provocados pelas sanções financeiras do governo Trump, anunciadas em agosto do ano passado (logo depois da declaração sobre uma “opção militar” para a Venezuela).
Como meu colega Mark Weisbrot explicou, o embargo unilateral e ilegal – que exclui a Venezuela da maioria dos mercados financeiros – tem tido duas consequências principais, ambas implicando aumento das dificuldades econômicas para o povo venezuelano. Primeiro, porque causa uma escassez ainda maior de bens essenciais, incluindo alimentos e remédios. Segundo, porque torna a recuperação da economia quase impossível, uma vez que o governo não pode tomar empréstimos ou reestruturar sua dívida externa, e em alguns casos até mesmo realizar transações normais de importação, inclusive para medicamentos.
Além de fomentar maior devastação econômica na Venezuela, Trump e sua corte de conselheiros sobre a Venezuela, incluindo o senador republicano Marco Rubio, têm apoiado opositores de linha dura em seus esforços para impedir tentativas de diálogo e minar as eleições, mesmo quando estas oferecem a possibilidade de uma transição política pacífica.
No caso em questão: as eleições presidenciais deste domingo. O líder da oposição Henri Falcón – um ex-governador e organizador de campanha para o candidato da oposição nas eleições presidenciais de 2013, Henrique Capriles – concorre como candidato independente contra Maduro e outros três candidatos. Vários grandes partidos de oposição estão boicotando as eleições, entre outras razões porque fazem objeção à data próxima do pleito, que segundo eles não lhes dá tempo suficiente para organizar uma campanha forte. Contudo, a autoridade eleitoral concordou com o adiamento por um mês da data inicial. Dois partidos de oposição, Primeiro Justiça e Vontade Popular, também não conseguiram registrar candidatos porque, alega-se, não alcançaram os requisitos formais para fazê-lo.
Contudo, pesquisas eleitorais realizadas pelo Datanalysis, instituto mais frequentemente citado na Venezuela, indicam que Falcón pode vencer, se houver um grande comparecimento às urnas. Antes de confirmar sua candidatura, Falcón obteve fortes garantias junto à autoridade eleitoral do país, garantindo transparência, acessibilidade eleitoral e votação secreta, como houve em todas as contestadas eleições anteriores, desde que Chávez assumiu o poder em 1999.
Mas o governo Trump, depois de ameaçar Falcón com sanções financeiras individuais se não desistisse de sua candidatura, apoiou a o boicote eleitoral promovido por setores mais linha dura da oposição. Eles veem o candidato, que era aliado de Chávez até 2010, como alguém que, se eleito, estaria disposto a entrar em acordo com os chavistas. O governo dos EUA ameaçou até mesmo aumentar sanções contra o petróleo venezuelano, se as eleições forem realizadas. Fontes indicam que quando ambos, Falcón e o governo venezuelano, solicitaram que a ONU enviasse uma equipe observadora internacional para monitorar as eleições, funcionários dos EUA intervieram para garantir que esse esforço de monitoramento não acontecesse.
Com o governo norte-americano e a oposição da Venezuela fazendo todo o possível para reforçar a campanha dos linhas-duras pelo boicote, há uma grande possibilidade de que seja baixo o comparecimento às urnas no campo da oposição, e que Maduro vença as eleições por uma larga margem. Pode-se esperar que o governo Trump faça a imediata denúncia de um processo “fraudulento” e “ilegítimo”, tomando atitudes que tornarão a vida dos venezuelanos comuns ainda mais difícil.
Mudança de regime: uma política norte-americana permanente
Vale notar que a política de Trump para a Venezuela é principalmente uma continuação da política de Obama para o país, embora o embargo financeiro e apelo a um golpe militar sejam particularmente ultrajantes e desprezem o direito internacional e as normas das nações civilizadas. As sanções de Trump aumentam o regime de sanções de Obama que identificam a Venezuela como uma “ameaça extraordinária à segurança nacional”. Quando Obama começou o processo de normalização de relações com Cuba, ele começou a mirar os bens de vários altos funcionários e indivíduos associados com o governo Maduro.
Sob Obama, o governo dos EUA continuou, como na era-Bush, a financiar organizações políticas de oposição na Venezuela, e mais uma vez fez lobby junto a governos regionais para censurar a o país em organizações multilaterais, como na Organização dos Estados Americanos (OEA). Washington também recusou-se a aceitar um embaixador venezuelano em Washington – embora convidasse um cubano – e alinhou-se a membros linha-dura da oposição quando recusou-se a reconhecer a vitória eleitoral de Maduro em abril de 2013.
Essencialmente, o governo de Obama – como o de Bush, que esteve envolvido no golpe de vida curta em 2002 contra Hugo Chávez – tinha uma política de promover uma “mudança de regime” na Venezuela. Com Trump, aquela política tomou uma direção mais agressiva, aberta e perigosa.
Infelizmente não tem havido praticamente nenhuma crítica aos esforços do governos dos EUA para derrubar o governo venezuelano na grande mídia. No Congresso dos EUA, onde um grande número de legisladores agora se opõem ao embargo contra Cuba, por exemplo, há pouco clamor, com a importante exceção do um pequeno grupo de democratas progressistas que se opuseram às sanções contra a Venezuela, sob Obama e Trump. A maior parte do establishment político e da mídia parece acreditar que Trump tem a agenda política certa para a Venezuela, com vários liberais justificando as duras medidas com casos de corrupção, violação de direitos humanos e outros crimes que supostamente envolvem funcionários venezuelanos.
Entretanto, nenhuma dessas críticas pede sanções econômicas contra países latino-americanos com registro de muito mais violência e repressão. Contra Honduras, por exemplo, onde os militares recentemente reprimiram violentamente manifestações pacíficas após eleições fraudulentas, que o governo dos EUA reconheceu. Ou contra a Colômbia e o México, onde nos últimos meses dezenas de candidatos políticos e líderes sociais foram assassinados com impunidade.
A Venezuela é tratada de modo diferente pelos EUA por razões óbvias: tem um governo que busca ser independente de Washington e se encontra sobre reservas de centenas de bilhões de barris petróleo, que – quando a economia da Venezuela finalmente se recuperar – irão possibilitar ao governo ter influência regional de longo alcance.
De fato, isso é exatamente o que aconteceu durante o governo Chávez. Aumentou a popularidade da Venezuela na América Central e no Caribe graças em grande parte à generosa iniciativa Petrocaribe do governo, que trouxe benefícios econômicos tangíveis a muitos países da região. Ela teve também influência na construção de instituições regionais tais como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) e a União das Nações Sul Americanas (Unasur), que eram muito mais independentes dos EUA do que a Organização dos Estados Americanos, localizada em Washington.
A despeito de como cada um se sinta, em relação ao atual governo da Venezuela, é tempo de se dar conta de que a política dos EUA com relação a esse pais está tornando as coisas piores. Está gerando maior sofrimento econômico, instabilidade e polarização política e minando as chances de alcançar uma solução pacífica para a crise política do país.
Os comentários sobre golpe e intervenção militar na Venezuela, ou em qualquer outro lugar da América Latina, precisam retornar a seu prévio status de tabu, particularmente por causa da receptividade a ideias absurdas da atual liderança dos EUA. Em vez disso, é hora de esfriar as cabeças em todo o espectro político para trabalhar juntos por uma mudança na direção política em relação à Venezuela. Primeiro, os cidadãos dos EUA que se importam com os Estados Unidos devem organizar-se para forçar Trump a levantar o embargo financeiro; depois, é preciso encorajar os esforços para construir confiança e diálogo entre os setores políticos, ao mesmo tempo em que marginalizamos linhas-duras que se opõem a qualquer forma de acordo.
Mafia sionista khazarian-USA está articulando um golpe militar na Venezuela. Talvez com o apoio do Brasil e mais 13 “paises” vassalos… Vão mandar soldados da América Latina para fazer o trabalho sujo, porque não têm coragem de enviar tropas dos USA… nem o povo de lá deseja… seria mais um Vietnam para eles… estão ameaçando todos os governos que não se submete aos ditames de Washington… império está chegando ao fim e ainda acredita na força para tentar manter seu “dolar furado” como moeda do mundo… acabou… adeus Governo Mundial… Israel se prepare porque talvez agora vá ocorrer um genocídio de verdade…