Mais questionamentos sobre o aecioporto

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A história do aecioporto ainda possui inúmeros pontos obscuros. Alguns diretamente ligados ao aeroporto, outros vinculados indiretamente. Os vínculos indiretos, que oferecem interesse jornalístico se houvesse imprensa comercial séria no país, são:

1) descoberta de trabalho escravo na empresa de familiares de Aécio, na mesma fazenda em Cláudio cujo terreno foi desapropriado por R$ 1 milhão pelo governo Aécio.

2) os donos do jatinho, a dupla Clemente de Faria (já falecido) e Oswaldo Borges da Costa Filho, têm um histórico obscuro, que mereciam uma profunda investigação jornalística. Isso por uma razão simples: ninguém “empresta jatinho” de graça, nem mesmo para o filhinho da mamãe, como tentou justificar Aécio. “Oswaldinho” (como é conhecido) foi presidente de estatais e empresas mistas mineiras ligadas à exploração do nióbio em Araxá. É preciso apurar melhor isso.

Aécio justifica o gasto de R$ 14 milhões dizendo que se trata de uma região economicamente importante. Uai, sô! Se era importante, por que o aecioporto ficou fechado esse tempo todo?

Em suas palavras, no artigo que publicou na Folha:

A pista de pouso em Cláudio existe há 30 anos e vem sendo usada por moradores e empresários da região. Com as obras, o governo de Minas Gerais transformou uma pista precária em um aeródromo público. Para uso de todos.

A explicação de Aécio é errada duplamente. A pista não é homologada pela Anac, então não poderia ser usada por ninguém, nem por ele nem por nenhum “morador ou empresário”. Usar pista clandestina é atentar contra a segurança aérea nacional. Aécio fez propaganda de um crime.

Em segundo lugar, as reportagens mostram que só ele tem usado a pista, que fica fechada. Dizer que é para uso de todos é mentir na cara “de todos”.

É preciso ainda investigar o valor da desapropriação em si. Não apenas se deve discutir se o R$ 1 milhão pago foi justo, como se deve fazer uma estimativa da valorização da fazenda do tio de Aécio, e da fazenda do próprio Aécio, após a construção do aeroporto.

Há uma especulação constante em torno das doações da construtora do aecioporto ao candidato, e se procura sempre, junto ao TSE, os dados relativos às prestações de conta. Esquece-se, contudo, que doações feitas após conchavos clandestinos com o poder público acontecem, por razões óbvias, por baixo dos panos, através de esquemas de caixa 2 eleitoral.

É preciso ainda investigar o aecioporto II, em Montezuma. A Anac disse que sequer há pedido para registro, revelando mais uma vez que ele pode ter sido construído por Aécio Neves apenas para uso particular. Aliás, o Brasil quer uma outra “confissão” de Aécio. Ele também pousou na pista clandestina (embora feita com verba pública) de Montezuma?

Quanto mais se remexe nessa história do aeroporto, mais podres vêm à tôna. A blogueira Helena Sthephanowitiz iniciou uma linha de investigação interessante, que deveria ser aprofundada. Ela identificou que as três empresas que disputaram a licitação do aeroporto de Cláudio apresentaram orçamentos praticamente iguais.

*

Reproduzo abaixo post da Helena, em seu blog na Rede Brasil Atual.

Disputa em construção do aeroporto de Cláudio teve preços quase iguais

Entre os três concorrentes na licitação para a obra realizada na fazenda do tio de Aécio Neves, diferença entre maior e menor preço foi de 0,61%

por Helena Sthephanowitiz publicado 01/08/2014 13:40, na Rede Brasil Atual.

A polêmica construção do aeroporto na cidade mineira de Cláudio pelo governo Aécio Neves (PSDB) não termina nas questões do terreno desapropriado de seu tio. Nem da localização a 6 quilômetros da fazenda do ex-governador e atual senador, quando existe outro aeroporto bem próximo, em Divinópolis, que já atende a região. E vai além ainda do uso privativo pelo senador, quando ainda está fechado ao uso público.

O processo de licitação também levanta polêmica. Cinco empreiteiras apresentaram propostas. Duas foram desqualificadas. As três propostas restantes tiveram valor muito próximo. A diferença entre o menor preço apresentado e o maior foi apenas 0,61%.

O edital do Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais estipulou o valor máximo de R$ 13.568.033,63. A vencedora, com menor preço, apresentou o valor de R$ 13.413.562,71 apenas 1,14% abaixo do máximo.

O custo final da obra, com aditivo de 3,96%, ficou em R$ 13.945.341,80 ou seja, acabou ultrapassando em R$ 377 mil o valor máximo licitado.

A proximidade de valores não é, por si, prova suficiente de combinação de preços, pois pode ser coincidência. Mas sugere acender o sinal amarelo no Ministério Público e em outros órgãos de controle, como indício que merece ser investigado. Afinal, coincidência de dois valores acontece, mas de três é bem mais raro.
(…)

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23 respostas

  1. As viúvas mostradas acima,se assemelham quase que,totalmente,com os eleitores espalhados pelo país afora,que não aprenderam ao longo da vida,ter vergonha na cara e nos cérebros.Meros baba-ovo de ricos.Nunca chegarão lá,mas puxam sacos por convicção!O cordão dos puxa-sacos,cada ano se renovará!

  2. Outro PITACO,relativo às VIÚVAS DA GLOBO.Onde arranjariam ocupação,com o TALENTO que demonstram,senão nas COZINHAS de seus senhores!

  3. De onde são essas empresas? Quem são os proprietários? Inclusive das que foram desclassificadas… Vamos fazer o papel que o TCE não faz. Será que as outras empresas são doadoras? Quem trabalhou nessa obra? Quem fiscalizava? Quem tem fotos de avião ou helicóptero pousando. Quais festa aconteceram na cidade? Quais bandas ou duplas sertanejas foram contratadas? Eles geralmente vão de jatinhos particulares. Mãos à obra…

  4. Penso que o Serra, vai matar o frangote aos poucos tirando-lhe todos os dias um grãozinho de Milho de sua boca e entregando a velha Folha de SP. Serra sabe que o frangote não tem fibra pra aguentar a taca que vem recebendo todo dia, basta subir no puleiro que o pau pega. FHC já correu com medo de sobrar pro galo velho. PSDB é Cobra de duas cabeças ela mesma vai se engolir ou seja o PSDB vai virar PÓ aos quatro Ventos.

  5. Gostaria de oportunisticamente,me utilizar desse espaço,para solicitar os sr.Miguel do Rosário,instigar outros blog,de cujas acessibilidades me são quase que impossíveis,porquanto em muitos deles,os caracteres e instruções para se postar comentários,claro que comentários sem o revestimento de grandes atributos literários,são invariavelmente feitos,em INGLÊS e como não domino o idioma dos OBESOS BEM ARMADOS,e nem quero dominar,quero contar com a interveniência do titular desse blog,afim de poder comentar às matéria ali postadas.Agradecimentos e saudações…

  6. Fico meio sem jeito de cobrar do Fernando a razão da ausência de meus comentários no seu blog, mais como sou leitor me sinto no direito de cobrar, se não houver explicações, fecha a conta que vou beber em outro buteko.

    1. A gente tem um pouco de dificuldade para aprovar os comentários, por causa da quantidade. Somos poucos (só eu e Fernando) e os comentários, muitos. Mas estamos tentando. Aos poucos vamos normalizando.

  7. Quando a “CAIXA PRETA ” for aberta, ai ficaremos sabendo a verdade sobre o tão propagado ” CHOQUE DE GESTÃO “, que colocou Minas Gerais, como um dos Estados mais endividados do País, junto com São Paulo, Paraná , Goiás . Será porque? Será que continuam “VIAJANDO” ? Quem Sabe.

  8. E a seletividade não conta.? Numa linha de princípios, transparência, republicanismo e ética. Uma,linha interessante de estudo e investigação , pelo país a fora, seria a de estudar, planilhar tudo o que é e foi investigado,neste Brasil dos últimos 15 anos. Quais os valores enolvidos, quais os resultados, e principalmente quem são os envolvidos. Exemplo, partidos, localizações, valores envolvidos, empresas e o tamanho e influencia destas. ….tenho imensa curiosidade…..

  9. Acho um dos pontos obscuros a apuração sobre qual medida foi tomada pelo Ministério Público do Estado de MG, visto que o escândalo dos aecioportos é de domínio público e, portanto, o MP não poderia alegar desconhecimento do fato. Acredito que alguma providência foi tomada, mas ninguém divulga qual.

  10. Tenho questionamentos que ninguem fez. 1-nao havia na cidade de Claudio uma area da prefeitura, do Estado ou da Uniao disponivel para fazer o aecioporto e evitar o pagamento de uma indenizacao de 1 milhao de reais? 2 – Com tamanha demanda por um aeroporto, os megaempresarios da regiao nao tinham uma area para doacao e assim todos ganhariam tambem, dada a valorizacao da regiao pela consrrucao de um aeroporto?. 3- o competente governo de MG ou a prefeitura de Claudio nao realizou uma analise estrategica da melhor area para o aeroporto?

  11. Por que essas mulheres que têm serviços louváveis de reconhecimento na dramaturgia brasileira se prestaram a esse ato de parvoíce? Será que acreditam na empresa que trabalham?

  12. Esta história do Aécioporto, quando mais mexe, mais fede.
    Que aeronaves usaram esta pista? Avião de passageiros? De carga, que tipo de carga?

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