É impressionante a capacidade dos jornais de acreditarem na amnésia coletiva.
Mais impressionante ainda é capacidade de acreditar que, alternando ameaças e elogios, são capazes de conduzir um governante ao suicídio.
“Dilma ensaia retorno à receita de FHC“, publica hoje a Folha de S. Paulo, relatando como, supostamente, o governo abandona a política expansionista – ou anticíclica, como preferem chamar os economistas, que consiste em usar o Estado como indutor de crescimento econômico em períodos de crise econômica – para se fixar na cartilha neoliberal, onde a “Santíssima Trindade” formada pelos juros-câmbio-inflação deve ser louvada diária e eternamente, ainda que se imolem povo e país em seu altar.
Ora, onde é que essa receita deu certo para países? (Claro que ela deu certíssimo para os bancos, não é?)
Não existe a menor possibilidade de que isso aconteça, e os porta-vozes dos grupos financeiros sabem disso.
Mas sabem que por toda a parte há joelhos que tremem e cabeças que se vergam e é com isso que contam para forçar o governo a iniciar um ciclo de arrocho fiscal e subida de juros que não só lhes proporcionem lucros quanto, principalmente, enfraqueçam politicamente as forças progressistas e lhes permita a retomada de administrações absolutamente dóceis a seus interesses.
Percebam como todo o discurso é o de cortes de gastos – e de investimentos, por consequência – como se a atividade econômica pudesse ser comparada a um orçamento familiar. O Nobel de Economia, Paul Krugman, explica isso de maneira claríssima:
“Quando uma família aperta o cinto, ela não acaba com os empregos que a sustentam. Quando um governo aperta o cinto diante de uma economia deprimida, muitas pessoas são privadas de seus postos de trabalho; e isto traz efeitos negativos até sob o ponto de vista estritamente fiscal e míope do governo, pois uma economia em retração significa uma arrecadação menor.
Ora, alguém poderia dizer que cortar gastos governamentais não significa realmente eliminar postos de trabalho – alguém que tenha passado os últimos anos numa caverna ou num centro de estudos estratégicos de viés conservador, alheio às informações a respeito de como a austeridade tem funcionado na prática”.
Krugman diz que, nem sob a ótica conservadora, isto funciona porque “os grandes cortes nos gastos governamentais foram seguidos por declínios acentuados no PIB”.
A população tem mais memória que as elites políticas e sabe que as políticas neoliberais, para o nosso povão, lembram os versos da banda RPM: “Sinto um imenso vazio e o Brasil/Que herda o costume servil/Não serviu pra mim”.
Naqueles, porém, que ascendem aos cargos de decisão política em nome da mudança e que, neles, passam a endeusar os donos do poder econômico, serve, sim, para serem incensados e tornados “intocáveis”.
Ou, quando é o contrário, serve para serem atacados e ridicularizados como fazem com o ministro Guido Mantega, cuja cabeça é o sonho dessa gente.
Quem tiver olhos para ver um pouquinho além das colunas econômicas e – mesmo sem ter vivido os anos de estagnação dos períodos Sarney, Collor, Itamar e FHC, sobretudo – verá a Europa enforcada pelas políticas de austeridade e os EUA, mesmo timidamente, recuperando-se da crise pelas políticas econômicas expansionistas.
Adotar a “receita de FHC” é, sim, apertar o cinto.
Em volta do próprio pescoço.
3 respostas
Mas a Dilma vacila e já adota muitas posturas neo liberais e, enquanto o Brasil estiver escorado no Agronegócio e nas commodities, a corda estará cada vez mais tensa.
MUITAS MEDIDAS TEM SIDO TOMADO PELA NOSSA PRESIDENTA É CLARO QUE OPVO ESTA ATENTO.MAIS APROVAMOS COM CERTEZAA NOSSA PRESIDENTA ESTA NO CAMINHO CERTO
com certeza ela ou alguém da sua família deve estar vivendo as custas do dinheiro publico…..kkkkkkk pobre ……
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