Milícia solta nas ruas

Manchete do site da Folha diz que “Confusão legal criada por governo Bolsonaro abre brecha para porte de arma automático a CACs ” – os os ditos “caçadores, atiradores e colecionadores’, para os quais Jair Bolsonaro liberou a posse de até 60 armas de grosso calibre – para que eles andem por toda parte e em qualquer horário, carregando um ou mais de seus trabucos, por uma “bagunça jurídica” criada pela legislação, que permite alegar que sempre se estaria “a caminho” de um estande de tiro.

Ora, é evidente que não se trata de “bagunça” alguma, mas de um truque jurídico para que o porte das armas sempre esteja justificado e, portanto, se converta numa autorização ao meio milhão de CACs andarem armados onde quer que seja, bastando alegar que estão se dirigindo de um dos 2.610 “clubes de tiro”, que passaram a incluir a alegação de que funcionam 24 horas por dia, para que seu sócios tenha sempre “cobertura”.

Até um entusiasta das de armas, o delegado de polícia paulista Gustavo Galvão Bueno assume que é uma tramóia:

“É muito difícil a pessoa obter o porte. Aí, por conta disso, o que as pessoas fizeram? Acabaram utilizando a posse [de arma] como uma maneira de flexibilizar [a lei], e atingir os seus direitos de portar uma arma de fogo. Criou-se, por exemplo, os estandes de tiro 24 horas para a pessoa justificar o trânsito da arma de madrugada. Aí, ela diz que estava indo ao estande de tiro”.

Se o Exército e a Polícia Federal, responsáveis pelo (des)controle das armas acham que é bom para a sociedade que quase 500 mil pessoas vaguem pelas ruas com armas pesadas, municiadas, que então tenham a coragem de dizer que não são eles que devem fazer a proteção do país e do cidadão.

Para eliminar isso, bastaria que baixassem portarias regulamentando o transporte de armas, não é preciso nem lei, nem decreto.

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