Militares plantaram Jair e colherão seus prejuízos

O bolsonarismo é absolutamente tosco nas suas armações, que só funcionam porque a máquina midiática e judicial brasileira tornou-se, por anos a fio, um instrumento de perseguição ideológica à esquerda e, para isso, deixava impune ou apenas “levemente criticado” o que a extrema direita fazia.

Tanto é que Jair Bolsonaro atravessou quase três décadas de parlamento, impunemente, defendendo a tortura, a sonegação de impostos, as milícias e todas as monstruosidades que juncam sua carreira parlamentar.

O diferencial de Bolsonaro, a partir de certo momento, foi sua adoção pelas Forças Armadas, ao tornar-se arroz de festa nos quartéis, com discursos político-eleitorais, ao ponto de ter votações crescentes vindas da “família militar”.

Fizeram crescer, dentro dos quartéis e nas camadas de oficiais que passavam à reserva, o exemplo de militar grosseiro, voluntarista, nada cioso da disciplina e furiosamente ideológico (da extrema-direita) e descaradamente fixado em vantagens na ocupação dos espaços – funcionais negociais – do poder público.

Agarrados a ele terão o seu destino ligado ao seu esmagamento político e, a menos que sejam suicidas, passarão a se preocupar com o futuro da instituição, apesar da mediocridade dos que Bolsonaro colocou a comandá-las.

Resta saber se os militares vão – senão por consciência cívica, ao menos por inteligência política – deixarem-se cada vez mais manipular por exigências de posicionamentos que vêm do Palácio e não da caserna.

Acumulam-se ressentimentos com isso dentro das Forças Armadas e não se pode descartar que comandantes que falam o que serve ao presidente, mas não à corporação não acabem falando sozinhos.

 

 

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