Não é um Pazuello, não é um Araújo.
O pedido de demissão do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, inesperado, não é fruto de um processo de desgaste como o dos outros dois que, na verdade, foram demitidos.
E porque Azevedo e Silva demite-se aparentemente sem motivo, “do nada”, ainda mais num momento de crise em que sabe que isso representa um baque – já grande em circunstâncias normais – aumentadíssimo pelos dias de pressão e dificuldade que passa Bolsonaro.
As razões logo começarão a brotar, mas uma pista está na curta e seca carta de demissão – na verdade, um seco bilhete – que divulgou e que transcrevo ao final.
Nela, ele faz o formalissimo agradecimento ao presidente pela “a oportunidade de ter servido ao País” e diz que foi-lhe totalmente leal e destaca que preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”.
Leia-se, portanto, que não as teria deixado transformar em apêndices do Governo ou de correntes políticas.
O recado é, portanto, claríssimo a quem fala de “meu Exército”.
A carta de Azevedo e Silva:
“Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida”.