O vídeo do depoimento do Deputado Luís Miranda à Polícia Federal, vazado em parte hoje à tarde, é nitroglicerina pura sobre as relações entre o general Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro e também sobre o omportamento do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o general ex-ministro da Saúde.
Numa viagem de avião, um dia depois de ter levado a Bolsonaro as suspeitas sobre a compra da Covaxin indiana, sentado ao lado de Pazuelo como havia dito antes sem detalhes exatos, Miranda diz ter ouvido uma desabafo sobre o que estava sofrendo com o desinteresse de Bolsonaro pelos problemas da pandemia e sobre as pressões que Lira fazia por verbas para prefeituras “amigas”:
— Eu disse: “Pazuello, tá tendo sacanagem no teu ministério. Tem que agir, mermão”. Aí ele falou: “Sacanagem tem desde que eu entrei”. Com aquele jeitão carioca dele. “Inclusive, ontem, eu (Miranda) fui no presidente e entreguei um negócio pra ele. É um absurdo. Se estiver acontecendo de verdade, é um absurdo você (Pazuello) precisa cuidar disso.”
— [Aí] Eu disse: “Pazuello, tá tendo sacanagem no teu ministério. Tem que agir, mermão”. Aí ele falou: “Sacanagem tem desde que eu entrei”. Com aquele jeitão carioca dele. “Inclusive, ontem, eu (Miranda) fui no presidente e entreguei um negócio pra ele. É um absurdo. Se estiver acontecendo de verdade, é um absurdo você (Pazuello) precisa cuidar disso.”
— “Que cara?”
— “O Arthur Lira, porra. O Arthur Lira colocou o dedo na minha cara e disse: ‘Eu vou te tirar dessa cadeira’, porque eu não quis liberar a grana pra listinha que ele me deu dos municípios que ele queria que recebesse. Ele bota o dedo na minha cara”.
Pazuello, segundo Miranda, teria reclamado dos vetos que sofria de Bolsonaro para a compra de vacina:
— “Você tem noção, Luis, o que nós fizemos pelo Brasil?” (perguntou Pazuello). E ele começou a contar toda uma história que ele materializou com mensagens que ele enviou depois. “Nós tentamos comprar EPI (materia de proteção sanitária), não deixaram. Tentamos importar vacina antecipada e não deixaram. Tentei fazer contrato, mandaram cancelar o contrato”, narrando um caso que aconteceu lá atrás, que o próprio Palácio mandou ele cancelar o contrato. Que ele tinha agido antecipadamente. “E as bombas vieram tudo pra cima de mim. Todo mundo fala, o ministro da Saúde está errando. Cara, eu não consigo fazer. Eu tento fazer, e nego me barra”.
Impressiona, no vídeo, a fluidez com que Miranda conta a história, aparentemente não parando para construir uma versão e narrando, naturalmente os acontecimentos. Mas há algo no trechovazado do vídeo que depoimento que não bate: é quando ele diz que não gravou o presidente e diz que a princípio diz que imaginou que o servidor Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, com o qual esteve com Bolsonaro o tivesse feito. Apesar de ter dito ue o irmão negava – e que disse ter “jogado fora” o celular antigo (você joga fora celular quando compra um novo?) – o deputado se mostrou caviloso, dizendo que “tem deputado que diz ter ouvido, e sabe até o tempo certo que durouo encontro” e pergunta se o delegado tem o áudio.
Disse o inesquecível “Dadá Maravilha” ao explicar um drible: “fiz que ia, não fui , mas acabei fondo”