“Modo Sarney” de Bolsonaro é só fuga da responsabilidade

José Paulo Kupfker, no Poder360, ri, para não chorar, do deja vù do apelo de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro por um congelamento de preços e redução da margem de lucro ao qual apelaram ontem, ao falar aos supermercadista, lembrando, como fez ontem este blog, as desventura dos “fiscais do Sarney”.

Se bobear vem aí o “fiscal do Bolsonaro”, versão ainda mais patética, porque repetição de uma trapalhada já velha de 36 anos —a dos “fiscais do Sarney”, pretensos guardiões do tabelamento geral de preços instituído em 1986 com o Plano Cruzado, no governo de José Sarney, o 1º pós-redemocratização. Depois de meses de desabastecimentos, dribles do comércio, maquiagens de produtos na indústria, o plano desmoronou, impulsionando novos surtos inflacionários.

O mesmo diz meu colega Rodrigo Vianna, no vídeo do Brasil 247 que reproduzo ao final do post.

Nenhum mérito: a comparação é obvia como uma piada pronta, ainda que trágica.

Ironias à parte, não haverá, desta vez, a reação que ocorreu daquela vez: nem haverá senhores fechando supermercados, nem desabastecimentos – salvo se proposital – nas gôndolas daqueles estabelecimentos.

É apenas mais uma tosca tentativa – como, aliás, diz o artigo de Kupfer – de “empurrar” para outros a responsabilidade (ou a falta dela) pelos problemas do país, como sempre faz o atual presidente.

O efeito, se algum houver, pode ser até negativo: até mesmo promoções e baixas de preço podem criar problemas, se eles tiverem de subir outra vez, por custos.

Como está pintando que nenhum efeito haverá – senão o de uma confusão e prejuízo para as contas públicas e para o financiamento dos serviços estatais essenciais – com a mexida no ICMS do diesel, que se perderá, provavelmente, no aumento das margens de lucros e em novos reajustes nas refinarias, porque em nada se alterou a política de preços ancorada nas cotações internacionais e estas não param de subir.

A Petrobras está praticamente acéfala há quase três semanas e assim ficará por longo tempo. Fará. logo, o que sempre faz quando não tem comando: aumentará os preços.

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