Jair Bolsonaro desfila sua falange motorizada em Porto Alegre, alegremente.
Menos mal, porque ele não esconde que desejaria mesmo estar liderando uma coluna de tanques pela Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso e a Supremo, para suspender as eleições que, está evidente, está fadado a perder.
Ainda não conseguiu transformar os generais em seus rufiões, mas fez progressos nisso.
Nunca antes na história deste país alguém degradou tanto a imagem das Forças Armadas, que está fazendo aparecer ante o Brasil como se fosse uma corporação que se adonou do país ao ponto de exigir a impunidade de seus membros diante de situações graves e suspeitas na área da Saúde em meio a uma batalha sanitária que já custou mais de 530 mil vidas.
Não foi por falta de oportunidade de saber quem ele era, desde os anos em que, fardado, ia bamburrar ouro e pedras na Bahia. Depois, oficial, foi faiscar aumentos pretendendo usar dinamite no quartel.
Quiseram-no fazer e acabaram cavalgados por quem lhe tomou as rédeas e os levou ao caminho da insanidade.
Porque é uma insanidade lançar as Forças Armadas, na esteira de um homem abjeto, incapaz e desalmado, em uma aventura da qual sairão desgraçadamente derrotadas.
O que farão contra dezenas e centenas de milhares que irão reagir a um cancelamento de eleições que se faça com a sua garantia, contra todas as forças da sociedade civil, a mídia, o Judiciário e até mesmo este Legislativo que, dócil e submisso, a este ponto não irá?
Ou vão se ocultar sob a PM e as milícias paramilitares que formam o verdadeiro exército, e irregular, do atual presidente?
Aliás, não daria muito trabalho aos serviços de inteligência das Forças Armadas encontrar lá entre os motoqueiros os sinais da presença de seu oficialato. Afinal, se o general Eduardo Pazuello pôde, porteira aberta para todos.
Só um comentário, porém, de quem olha um pouco mais adiante: como é que os senhores se exibirão em público?
Aqui, com a pecha de avançarem sobre cargos e vantagens e, pior, de protetores de militares que se revelem perpetradores de falcatruas com vacinas.
E no mundo, como um governo militar extemporâneo, múmias de cera dos ditadores dos anos 50,60, 70 nas republiquetas bananeiras, ainda mais sob o comando de um tipo a la Idi Amim Dada, piada em todo o mundo?
Os senhores, melhor do que ninguém, deveria saber que triunfos táticos podem levar a derrotas desastrosas, daquelas que nem o tempo pode reparar.