O “Ato da 3ª Via”, à medida em que o dia avança, mostra-se como é, como a própria 3ª Via: um movimento esvaziado, que tem como base social apenas um setor de classe média que, órfão do bolsonarismo, vive a contradição entre a sua frustração e sua ambição em ser reitor da vida brasileira.
Promete-se, para daqui a pouco na Avenida Paulista, a presença dos presidenciáveis Alessandro Vieira (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (DEM), João Amoêdo (Novo), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). É possivel que não haja mais que mil manifestantes para cada um, com sorte o dobro.
Doria, bem informado sobre o tamanho da manifestação, deu apoio, mas não confirmou presença.
Não é que eleições presidenciais se ganhem com comícios, mas a magreza do público deveria fazê-los refletir para onde irão neste caminho de negar que a divisão real deste país é o exato contrário do que as faixas que ali são exibidas, dizendo Nem Lula, Nem Bolsonaro.
A esqualidez dos protestos reflete algo que a população sabe: que é com Lula que conseguirá derrotar o atual presidente, não apenas porque Lula traz o recall de seus dois governos bem-sucedidos, mas porque ele tem trajetória e carisma que lhe dão a posição eleitoral que nem de longe outros poderiam aspirar e que Bolsonaro, por mais estragos que produza em sua popularidade, ainda a tem em níveis que lhe garantem a 2ª posição e, com isso, o descarte da 3ª Via.
A verdade, na política, é o que se assenta na realidade e, até agora, não há realidade que suporte a avalanche de candidatos que, por alguns minutos de notoriedade possam ter a pretensão de representar a população.
Jair Bolsonaro foi uma exceção que não vai se repetir. Até porque os que o ajudaram a ser presidente, perambulam na avenida vazia.
Só que está lucrando com estas não-manifestações são os bolsonaristas, que recuperam um pouco da alegria, depois dos pontapés que levaram de Jair.
Acham que esta é a oposição, a que vem de uma parcela da elite que purga seus pecados de 2018.
Se não seguir arrogante, até pode ser parte da grande oposição, a popular. Mas, para isso, tem de aceitar que a esquerda é parte, e parte importante, do jogo democrático.