Não-extradição de Assange é ato humanitário e presente para Biden

Nem mesmo é um ato de reparação da Justiça, pois não equivale a uma absolvição, como deveria ser, porque não pode ser crime revelar fatos verdadeiros.

A decisão da Justiça inglesa de negar a extradição do protagonista do escândalo do Wikileaks, o australiano Julian Assange é, antes de tudo, um ato humanitário para alguém que, depois de nove anos de encarceramento – dois no Reino Unido e sete asilado na Embaixada do Equador, por conta de um pedido de extradição feito pela Suécia, por acusações de estupro posteriormente arquivadas.

Um evidente subterfúgio para o real interesse, depois assumido formalmente, do interesse norte-americano em prendê-lo por ter sido o canal pelo qual o ex-soldado Bradley Manning (que, depois, assumiu-se como Chelsea Elizabeth) vazou telegramas secretos e comprometedores sobre a invasão dos EUA ao Iraque, inclusive o vídeo de um ataque de dois helicópteros contra civis desarmados e, depois contra uma van que foi socorrer os feridos.

Manning está livre, depois de receber um indulto no governo Obama. Assange, por ter recebido o material que ele vazou, segue preso.

Não se fez justiça, portanto, mas apenas reconheceu-se que Assange está em estado de tal debilitamento mental e emocional, em nove anos de isolamento, que o sistema priosional norte-americano não seria capaz de garantir que continuasse vivo.

A luta por sua libertação precisa, em nome da liberdade de informação, continuar.

Mas, além dele, a decisão das cortes inglesas são um presente para o presidente eleito Joe Biden, que, como vice de Barack Obama, cogitou desta extradição. Longe dos EUA, Assange é menos uma “batata quente” para seu mandato, que não precisaria, logo de cara, enfrentar uma divergência com as forças progressistas que apoiaram sua eleição.

 

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