Perguntou-se aqui para quê interrogar Jair Bolsonaro sobre uma suposta interferência na Polícia Federal.
O que aconteceu hoje é a prova que é desnecessário inquirir o presidente: ao trocar o superintendente da PF no distrito federal, onde estão inquéritos que interessam diretamente a ele e a sua família, o presidente demonstrou, pela enésima vez, que pode e vai mexer no comando da instituição quando e como bem lhe aprouver.
E a Polícia Federal nem pia, na esperança que ele cumpra promessas de conceder-lhes aumentos e privilégios dentro da tal reforma administrativa.
O delegado Hugo de Barros Correia chefiava a seção brasiliense da corporação, onde corriam inquéritos sobre tráfico de influência envolvendo o filho “04”, Jair Renan e o das fake news, que investiga em o grupo de apoiadores que opera a difusão de conteúdo laudatório ao chefe e, sobretudo, “criam narrativas” desqualificando a oposição.
E foi justamente neste que o delegado Correia mexeu onde não devia, menos de cinco meses depois de assumir a função.
Segundo o Estadão, foi a superintendência que ele ocupava que “sugeriu ao TSE a ideia de barrar a monetização de canais com conteúdo político”, através de um relatório que afirmava que os núcleos da rede do ódio transformava rapidamente “ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polarização e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo número de visualizações”.
Bolsonaro pode não ter partido político, mas conta com uma falange superorganizada, como se demonstrou no caso da “araponga” olavista inserida no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski.
A PF, ao se deixar politizar pelo morismo abriu caminho para voltar a ser manipulada por interesses político e a valentia de muitos de seus dirigentes hoje, sumiu e ninguém viu.